Convite


" A Igreja convida-nos a aprender de Maria (...) a contemplar o projecto de amor do pai pela humanidade, para amá-la como Ele a ama."



Mensagem Bento XVI, Dia Mundial das Missões 2010
















sábado, 19 de fevereiro de 2011

Esta paróquia de S. Miguel Arcanjo recebeu na passada quarta-feira uma boa notícia:

NOVO BISPO AUXILIAR DE BELÉM - BRASIL

P. Teodoro Mendes Tavares CSSp.


O P. Teodoro Mendes Tavares nasceu no Concelho de S. Miguel Arcanjo, (em Principal), na Ilha de Santiago - Cabo Verde, a 7 de Janeiro de 1964, filho de Francisco Tavares e Vitoriana Mendes, ambos já falecidos. Frequentou o Seminário Diocesano na Praia e depois entrou na Congregação, em 1984. Professou no Seminário do Fraião – Braga em 1986 e fez a sua Profissão Perpétua em 1989 no Seminário da Torre d’Aguilha - Cascais. O seu Curso de Filosofia e Teologia foi realizado na Universidade Católica Portuguesa, em Braga e em Lisboa, onde se licenciou em 1992.
Foi ordenado Diácono na Sé Catedral de Viana do Castelo, em 1992. A ordenação Presbiteral foi na sua
Paróquia de S. Miguel Arcanjo, em Cabo Verde, no dia 11 de Julho de 1993, tendo como ordenante D.
Paulino Évora CSSp, Bispo de Cabo Verde.
A sua primeira nomeação missionária foi para a Amazónia, onde trabalhou na Prelazia do Tefé de 1995 a
2010. 
Com o fim do mandato de Superior dos Espiritanos, foi-lhe concedido, a partir de fins de 2010, um ano
sabático que está a viver nos Estados Unidos, colaborando na Paróquia Espiritana do Imaculado Coração
de Maria, em Central Falls, Diocese de Providence/Rhode Island.
Bento XVI nomeou-o, a 16 de Fevereiro, para Bispo Auxiliar de Belém, cidade onde os Espiritanos
iniciaram, em 1885, a sua Missão por terras do Brasil, na Amazónia. Belém, capital do Estado do Pará, é
a maior cidade da linha do Equador, com mais de dois milhões de habitantes, conhecida como a
‘Metrópole da Amazónia’. Os católicos constituem a maioria da população. Belém é conhecida no mundo
inteiro pelo ‘Círio de Nazaré’, festa celebrada desde 1793 em honra de Nossa Senhora da Nazaré, que
acontece sempre no 2º domingo de Outubro e que reúne cerca de dois milhões de fiéis, sendo a maior
festa cristã do país e a maior procissão católica do mundo.
A Missão do P. Teodoro vai continuar, agora como bispo, por terras da Amazónia brasileira.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Voluntariado e nova Consciência Social     
Nota Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa

1. Um dos sinais mais promissores de esperança na construção de uma humanidade fraterna e feliz está patente na experiência alargada e crescente do voluntariado. Por isso, acolhemos de bom grado o ano 2011 como Ano Europeu das actividades voluntárias que promovam uma cidadania activa, declarado pelo Conselho de Ministros da União Europeia. Já há dez anos (15 de Novembro de 2001) nos associámos a semelhante evento, abordando a temática do voluntariado como «porta aberta para a humanização social».
Segundo a nossa proposta, o voluntariado ilumina-se com os princípios da Doutrina Social da Igreja, como são a dignidade da pessoa humana, o bem comum, a subsidiariedade e a solidariedade, e segue os valores da verdade, liberdade, justiça e paz, trabalhando para o desenvolvimento integral da pessoa humana.

2. Dirigimo-nos especialmente aos católicos para que se sintam particularmente motivados pela sua consciência a oferecer à comunidade um tempo de gratuidade ao serviço dos outros.
A vivência espiritual cristã, marcada pela cultura da gratuidade, cria uma disponibilidade interior para os outros, até à radicalidade da entrega, para servir as necessidades reais das pessoas que interpelam a consciência. A participação na sociedade actual, tão competitiva e cruelmente pautada por interesses, é verdadeiro antídoto do individualismo voraz, anunciador de um futuro de esperança.
Para o cristão, em diálogo com todas as pessoas de boa vontade, a comunhão com a Pessoa de Jesus implica chegar às causas ou raízes das difíceis questões que geram pobreza, exclusão, abandono ou indiferença. Quem é coerente com a fé cristã transforma a vida e adopta gestos de fraternidade, busca o conhecimento das situações a socorrer e sonha vias criativas de solução para os problemas.

3. Congratulamo-nos vivamente com o crescimento de uma nova consciência social, que está na base do voluntariado. É um grito de esperança, que vence pesos de ideologização e revela caminhos de um novo humanismo, que seja criativo, realista, dinâmico e pleno.
A atenção generosa e gratuita de muitos cidadãos ao bem do próximo revela uma cultura de solidariedade e abertura ao outro, capaz de indicar uma nova política nacional e internacional; a verdadeira concepção de vida solidária é chamada a superar os riscos de novas e velhas injustiças. O contributo de um autêntico voluntariado não se restringirá somente a acções primárias, mas lutará também pela transformação da sociedade.

4. As iniciativas de voluntariado situam-se no espírito do princípio da subsidiariedade e não se substituem aos serviços sociais dos poderes públicos. Pelo contrário, a intervenção dos voluntários possibilita e eleva a exigência das respostas públicas, permitindo contudo aos cidadãos, em virtude da espontaneidade do voluntariado, esbater muralhas burocráticas.
Dar vida à subsidiariedade é mobilizar para a responsabilidade de uma cidadania activa. Assim se pretende provocar a alteração da mentalidade centralista e estatizante, presente em diversos organismos públicos, que bloqueiam, tantas vezes, as energias da comunidade local e das redes de proximidade.
O compromisso com a justiça social e o incentivo a alterações estruturais positivas serão factores determinantes de credibilidade das pessoas e instituições dedicadas ao voluntariado.
Pelo mérito da sua dádiva gratuita, o trabalho voluntário é uma mais-valia ética em relação ao trabalho remunerado; ambos dignificam o ser humano e caracterizam-se pela competência e organização.

5. Chamado a uma abrangência universal de todas as pessoas e situações, verdadeira rede de fraternidade, o voluntariado assume uma pluralidade de rostos e formas, junto dos que a sociedade esquece, rejeita, maltrata, empobrece, bem como na ajuda a uma educação para o serviço e para o desenvolvimento cultural.
Apontamos, brevemente, algumas das vertentes do multiforme voluntariado:
5.1 O voluntariado agregado a movimentos e obras sociais, já com larga tradição. Dentro deste tipo se situa o trabalho específico em hospitais, em prisões e em instituições de solidariedade social, para o qual se exige uma preparação adequada e uma integração nas normas das instituições onde actuam.
5.2 O voluntariado na resposta a situações de pessoas sós que necessitam de visita e companhia, de ajuda em diversos serviços. Muitos voluntários, integrados ou não em associações, exercem um serviço carregado de humanidade e paciente cuidado dos mais abandonados e esquecidos.
5.3 O voluntariado na educação, com bastante relevância, seja através dos alunos na resolução dos problemas da vida real, seja na participação das famílias e das comunidades nas actividades da escola: ajudar a fazer os trabalhos de casa, acompanhar visitas de estudo, colaborar na orientação vocacional, apoiar a construção ou reparação de uma determinada estrutura ou equipamento escolar.
5.4 O voluntariado ao serviço da evangelização, especialmente nas paróquias e movimentos, exercido em fecunda e apreciada dedicação na transmissão do Evangelho. Conta com milhares de voluntários, gratuitamente empenhados nas diversas acções eclesiais, nomeadamente a catequese, a animação litúrgica, a pastoral familiar, a participação nos órgãos de administração e corresponsabilidade pastoral.
5.5 O voluntariado missionário, próximo do Voluntariado Internacional para a Cooperação, sobretudo destinado para acções fora do país, inserido em projectos de promoção humana e social, em áreas como a educação e formação, a saúde, o associativismo, o apoio comunitário e social, a capacitação técnica de agentes locais. Procura ser sinal de fraternidade global, despertando a opinião pública para as questões do desenvolvimento. Lembramos, em atitude de reconhecimento e gratidão, os vários milhares de voluntários que, nas últimas décadas, partiram de Portugal em missão, na sua maioria ligados a institutos missionários «ad gentes».
5.6 O voluntariado na dimensão cultural, que ganha cada vez mais adeptos. Dedicar os tempos livres ao cultivo da música, seja em filarmónicas ou grupos corais, à conservação e promoção do património, arquivos, bibliotecas, museus e outros centros culturais valoriza quem se dedica e permite disponibilizar os bens culturais à comunidade, de modo mais rápido e económico.
5.7 O voluntariado de socorro de emergência, sobretudo através de instituições como os Bombeiros, a Cruz Vermelha e a Cáritas, tão atraente para muitos jovens dispostos a aventuras e riscos da própria vida na ajuda imediata em situações de particular aflição.
5.8 O voluntariado no campo ecológico, que conquistou espaço na vida contemporânea, tão necessitada da defesa do ambiente.
5.9 O voluntariado dos direitos humanos, com especial significado na defesa da vida, na promoção da justiça e da paz entre as pessoas e entre os povos.

6. Verifica-se que o voluntariado tem constituído para muitos um lugar de enriquecimento humanizante que faz repensar projectos de vida, valorizar e desfrutar de modo novo o que se tem, preparar para embates, aliviar as tensões e relativizar os próprios problemas.
Por isso, entre as muitas vantagens do voluntariado, que aqui não podemos desenvolver, queremos salientar, no actual contexto, o facto de ser escola de realismo duro da vida e promover uma educação capaz de olhar de frente os problemas concretos, as dificuldades e os sofrimentos, e uma ocasião para o anúncio da mensagem cristã.

7. O entusiasmo e o crescente número de pessoas que aderem ao serviço voluntário não podem fazer-nos esquecer a sabedoria do saber dar-se. Lançar-se no trabalho voluntário requer conhecimento da realidade e qualificação das organizações. Quando se aposta na preparação, no estudo dos âmbitos de actuação, na formação ao longo do desenvolvimento da actividade, consegue atingir-se uma resposta mais profunda e realizadora.
Deve igualmente ser dada particular atenção às condições de maturidade humana por parte de quem oferece o seu tempo e competência ao bem comum, sob perigo de causar dano em vez de benefício.

8. Manifestamos o nosso profundo reconhecimento e apreço pela multidão de voluntários que dão firmeza à esperança neste tempo exigente de novo humanismo. Auguramos que o ano 2011 constitua uma oportunidade para os cidadãos, nomeadamente os cristãos, com especial referência aos mais novos, a serem expressão do amor gratuito de Deus pelos últimos. Entrevemos na experiência do voluntariado o paradigma de uma nova visão da sociedade para a qual nos impele o anúncio do Reino novo de Jesus.

Fátima, 15 de Fevereiro de 2011






domingo, 13 de fevereiro de 2011

Nha Nácia Gomi (1925-2011): Cabo Verde perdeu a Rainha do Finaçon / Actualidade / Detalhe de Notícia



13-2-2011

Nha Nácia Gomi (1925-2011): Cabo Verde perdeu a Rainha do Finaçon



No passado dia 3 de Fevereiro, pelas 23 horas, Nha Nacia Gomi faleceu. Considerada uma das referências da música tradicional cabo-verdiana, deixou este mundo aos 86 anos. Em todo o país, artistas, políticos e anónimos lamentaram o desaparecimento da Rainha do Finaçon.
A cantadeira estava internada em cuidados especiais, no Hospital Agostinho Neto, na cidade da Praia. Segundo o médico Paulo da Graça, citado pela RTC, Nácia apresentava um quadro clínico de crise hipertensiva e suspeita de Acidente Vascular Cerebral (AVC). Na tarde do dia 3 de Fevereiro, tudo indicava que o estado da artista era estável. No entanto, durante a noite o quadro clínico ter-se-á complicado e Nácia Gomi não resistiu, acabando por falecer. Segundo informações do responsável das urgências do HAN, Nha Nacia Gomi faleceu pelas 23 horas com um quadro de Acidente Vascular Cerebral (ACV) e bronco pneumonia.
Bandeira a meia haste
Ao saber do acontecido, o Governo decretou Luto Nacional no passado sábado, 5 de Fevereiro, dia em que se realizou o funeral da malograda, no cemitério Achada Igreja, em Santa Cruz. Durante o período de luto nacional, a Bandeira Nacional esteve a meia-haste em todos os edifícios públicos do país e nas representações diplomáticas e consulares.
Antes do funeral, marcado para as 16 horas, os restos mortais de Nha Nácia Gomi ficaram em câmara ardente no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Santa Cruz, cidade de Pedra Badejo. Centenas de pessoas, entre familiares, artistas, amigos, e algumas personalidades políticas acompanharam a cerimónia fúnebre. Vários grupos de batuque também acompanharam a cerimónia, entoando vários temas.
"Uma mulher dedicada à cultura de Cabo Verde," assim caracterizou Nha Nácia Gomi, a Ministra do Ensino Superior, Ciência e Cultura. Em comunicado de imprensa, o Governo expressou condolências "pela perda da mulher cuja trajectória constitui um exemplo". Para o executivo, ela inspirou o respeito pela preservação e divulgação da nossa memória colectiva.
O primeiro-ministro, José Maria Neves, classificou o falecimento da artista de "grande perda", e manifestou "a todos os artistas, a todos os músicos cabo-verdianos, ao município de Santa Cruz e a toda a família e amigos, os nossos pêsames e a nossa solidariedade neste momento de dor, de grande perda, mas a obra dela perdurará para sempre aqui em Cabo Verde".
O Presidente da República considerou que Cabo Verde acaba de perder uma das suas expoentes máximas das tradições orais e guardiã do Finason. Segundo Pedro Pires, Nha Nácia Gomi deixou aos cabo-verdianos um legado de mensagens profundas, genuinamente expressas nas parábolas do Finason, que interpretava com mestria e sabedoria popular."Reconforta-me, entretanto, depositar esperanças na nova geração que, certamente, saberá inspirar-se no seu exemplo de dedicação, generosidade e entrega à causa da cultura, e dará continuidade à sua obra, como ela, em vida, soube manter, bem aceso, o facho que recebera dos que a antecederam", frisou
O presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz, Orlando Sanches, também mostrou-se consternado com o desaparecimento físico da rainha do Finason, "uma das grandes vozes da nossa música tradicional cabo-verdiana".
Artistas consternados com "grande perda"

Em Cabo Verde e na diáspora, os artistas cabo-verdianos lamentaram a morte de Nácia Gomi, salientando a grande perda que isso representa para a cultura cabo-verdiana.
"Para mim, foi uma fonte que secou". Palavras de Zeca Nha Reinalda, que acrescenta que a cultura cabo-verdiana fica mais fraca cada vez que desaparece um artista do nível de Nha Nácia. O músico recorda a cantadeira como uma pessoa simples, do povo, e amiga dos outros. Gugas Veiga frisa também a simplicidade e alegria da cantadeira, salientando a perda de uma referência na música e na tradição oral cabo-verdiana. " Era uma pessoa muito alegre, tinha sempre uma estória para contar. Cantava tudo "de cabeça", tinha uma variedade musical impressionante porque as suas músicas nunca eram iguais. O seu sentido de improvisação e a sua técnica de memória impressionavam ainda mais. Ela nunca escrevia as suas canções, era tudo de memória. Era uma biblioteca andante", afirmou.
Para Tito Paris, "Cabo Verde fica mais pobre a partir do momento em que perdemos uma pessoa como ela, que fazia as suas poesias dirigidas a questões sociais". Sendo assim, salienta que "vamos ouvi-la sempre". Lembrar sempre o nome "dessa grande mulher de Cabo Verde" é um imperativo, para Leonel Almeida, que reitera que "a poetisa do povo deixou o mundo da música quase vazio".
 
A mesma ideia é repetida por Isa Pereira, para quem perdeu-se um património da nossa tradição oral. "Vamos lembrar dela com muito amor e reconhecimento pelo excelente trabalho que ela desenvolveu em prol da nossa cultura. Ela transmitia a emoção verdadeira da música, a emoção da música "di terra", salientou. Arlindo, membro do grupo Cordas do Sol frisa também a qualidade da artista. "Ela tinha uma técnica de improviso impressionante, um domínio da palavra que cativava. A sua poesia era de alta qualidade, riquíssima e cheia de segundas mensagens. Impressionava muito. Vê-la com aquela idade a cantar, a improvisar, era extraordinário", reitera.
Alma de tradiçon
Maria Inácia Gomes Correia, nome verdadeiro de Nácia Gomi, nasceu a 18 de Julho de 1925, na localidade de Ribeira Principal, concelho de São Miguel, mas residia no município de Santa Cruz desde criança.
Começou a cantar aos doze anos de idade, animando os casamentos e os baptizados por toda a ilha de Santiago.
Nha Nácia Gomi dedicou a sua vida à divulgação da cultura cabo-verdiana nos géneros de Finason e Batuku, e era uma sábia conhecedora da tradição oral. Foi uma das vozes da resistência cultural cabo-verdiana. Considerada a ‘rainha do finaçon', ficou também bastante conhecida como uma contadora de estórias.
Muita da sua música era improvisada no momento. Em 1985 o escritor e investigador cultural, Tomé Varela da Silva, organizou em livro os ‘finasons di Nha Nacia Gomi'.
Participou em vários projectos dos quais resultaram estudos, teses, reportagens e discos que irão eternizar as memórias desta humilde senhora que nunca escreveu. Gravou três discos e participou em muitos mais como convidada. Em 2005 lançou dois álbuns: ‘Finkadu na Raiz', com o tocador de batuque Ntóni Dênti d´Ôro, e ‘Ku ses Mocinhos'.
No dia 18 de Outubro de 2009, Dia Nacional da Cultura, foi homenageada pelo Centro Cultural Norberto Tavares.
Camponesa e de muita sabedoria popular, Nha Nácia Gomi prendia a atenção das pessoas pela forma cativante como transmitia as suas mensagens através do finaçon. Tornou-se assim numa figura incontornável no processo criativo da ilha de Santiago. O seu mérito é reconhecido dentro e fora do país, pelo que irá deixar, certamente, um grande vazio no panorama cultural cabo-verdiano.
Ilda Fortes, com agências

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

RECOMEÇAR… com MAIS ou MENOS confiança

Depois de quinze dias de barulho, quase ininterrupto; do silêncio “suspeito” do dia de reflexão; do dia de eleições, vivido com tanta expectativa; dos resultados celebrados, por alguns, com tanta euforia e de uma 2ª feira que alguém decidiu que seria “feriado”… ontem, a vida retomou a normalidade… Era estranho o silêncio da sala de aula… Às oito horas quase não havia alunos na Escola, foram chegando…lentamente… um agora, outro depois… e outro… e outro… meio adormecidos, sem grande capacidade para trabalhar… Contrariamente aos dias anteriores, “ouvia-se” o silêncio… e dava para perceber que é bom estar em silêncio…mas, as nossas cabeças torturadas pelo barulho, ainda sentem ecoar os batuques e os muitos ruídos com que foram violentadas… agora é preciso RECOMEÇAR!
Varrer todo o lixo que ficou… nas ruas, nas cabeças, nos corações, nas palavras, nas atitudes…e RECOMEÇAR!
Aos jovens, em troca de um voto, foi acenada a bandeira de um “mundo novo” que (todos sabemos) nunca se construirá sem trabalho e sem empenho…
No Domingo passado, ouvi palavras sábias que diziam:“Nós que é du Deus nu ka pôde desanima (...) aquilo que dado já dado, es ka ta dá mais, tnu teni em nós uma cusa qui ka ta comprado nem ka ta vendido, nós fé.... aquilo qui ta ajudano é Nhõr Dês. Trabadja todos os dias por amor, pois ka ta adiante põe tcheu confiança nas coisas da política. Nós confiança stá na Deus.
 RECOMECEMOS pois… uma etapa nova…


domingo, 6 de fevereiro de 2011

Quando o povo escolhe...

Até esta hora não foram divulgados os resultados das eleições legislativas.

Consultar http://liberal.sapo.cv/

http://www.expressodasilhas.sapo.cv/

In "PUBLICO" de 5/02/2011


O histórico PAICV pede uma inédita terceira maioria absoluta. O MpD, que governou nos anos 1990, tenta regressar ao poder.
Os cabo-verdianos interiorizaram a ideia de que não haverá rupturas (Miguel Madeira)
Os ecos da campanha ainda se ouvem em Cabo Verde, que amanhã, pela quinta vez em 20 anos, elege democraticamente o seu Parlamento. O calor da luta eleitoral e mesmo as trocas de acusações mais duras, que passaram por denúncias recíprocas de compra de votos, não parecem beliscar o modo sereno como as eleições estão a ser encaradas.

"Somos um país tranquilo. Não há essas coisas de violência. Nós não somos como o país de Laurent Gbagbo", respondeu ontem José António, um motorista cabo-verdiano da Cidade da Praia, quando questionado sobre o dia seguinte às eleições. Gbagbo, Presidente cessante da Costa Marfim, recusa-se a deixar o poder, apesar de ter perdido as eleições de Novembro do ano passado.

Camilo da Graça, diplomata e professor universitário cabo-verdiano de Relações Internacionais, confirma que os cidadãos "recusam a comparação com alguns exemplos tristes de países vizinhos nessa matéria de democracia" e têm orgulho na boa imagem externa.

A tranquilidade com que as eleições estão a ser encaradas é também o resultado da experiência de duas décadas de democracia com alternância pacífica, factor que contribuiu em muito para construir a imagem de serenidade e progresso do país, independentemente da orientação política do Governo.

A boa governação é outro traço associado a este país muito dependente do exterior - quer das remessas de emigrantes quer da ajuda pública ao desenvolvimento, que nos últimos anos perdeu peso em favor do investimento directo estrangeiro, como assinala Vítor Reis, economista português que se doutorou com uma tese sobre estratégias de desenvolvimento em Cabo Verde.

"À espera do melhor"

Em vésperas de eleições, os cabo-verdianos parecem ter interiorizado a ideia de que a sua vida continuará sem sobressaltos, que não haverá grandes rupturas e que o melhor está para vir. "Ou fica José Maria Neves ou ganha Carlos Veiga, esperamos sempre o melhor", confirma José António.

Neves é o actual primeiro-ministro e líder do PAICV, o "PAI", antigo partido único, de esquerda, e procura um inédito terceiro mandato consecutivo, após as vitórias de 2001 e 2006. Tem agora 41 deputados.

Veiga será o chefe do Governo se o MpD, partido da família política do PSD português, conseguir regressar ao poder que deteve na década de 1990, após a adopção do multipartidarismo. São os únicos que concorrem em todos os 13 círculos eleitorais. Têm agora 29 deputados.

Quando ontem chegaram à Cidade da Praia, vindos da ilha de São Vicente, a segunda com maior peso eleitoral, os dois líderes adoptaram um discurso optimista nas declarações que fizeram ao PÚBLICO. "Espero reforçar a maioria", disse José Maria Neves.

"Fui recebido com um extraordinário carinho em todas as ilhas", referiu o presidente do "PAI", que destacou a "boa adesão" à campanha e pediu aos eleitores que "votem sobretudo em Cabo Verde, porque Cabo Verde não pode parar, não pode fazer marcha atrás".

Um par de horas antes Carlos Veiga manifestara-se "animadíssimo", com o modo como correram as duas semanas de campanha, e esperançado na boa adesão dos eleitores. "Vamos ganhar. Não tenho dúvidas de que vamos ganhar, afirmou. "Os cabo-verdianos podem estar tranquilos. A alternância de poder é boa e não vai haver problemas nenhuns. Vamos criar condições para que a vida das pessoas melhore."

"Muda" ou "Manti""

A resposta que amanhã será pedida aos cabo-verdianos é entre o "Mesti Muda" - slogan em crioulo que defende a necessidade de mudar - lançado pelo MpD; e o "Mesti Manti" - algo como: É preciso continuar - com que respondeu o PAICV, invocando a obra feita.

O combate ao desemprego e a aposta no turismo são promessas comuns aos dois maiores partidos. A falta de trabalho afecta, segundo as estatísticas oficiais, 13,1 por cento dos activos. Este valor foi obtido após a adopção de metodologias internacionais e é dez pontos inferior aos números a que se chegavam através das regras em vigor até ao ano passado. Já o turismo é o grande motor da economia. O PAICV não quantifica objectivos nessas áreas, mas o MpD assume a intenção de atrair um milhão de turistas por ano e de criar 30 mil postos de trabalho.

O partido de José Maria Neves propõe "Mais Cabo Verde" e deu também particular ênfase na campanha à manutenção do esforço de criação de infra-estruturas, que incluiria a construção de duas dezenas de barragens.

A boa imagem de Cabo Verde é um factor que para os estrangeiros pode ser tido como jogando a favor da continuidade - o país é referido como um exemplo africano pelo bom posicionamento em indicadores como o Índice de Desenvolvimento Humano, apesar de problemas como a criminalidade e a associação a rotas de tráfico de droga. Mas falta perceber até que ponto esse dado, que é "motivo de orgulho", pesa, ou não, na hora de votar.

“OH! NHÔR DÊS NHU TEM PENA DI NÓS”

        Este foi um dos cânticos que hoje cantámos na “Catedral” de S. Miguel e que, ficou a ecoar no meu coração, neste dia de eleições…
         Neste Domingo em que a Liturgia diz que o cristão é força transformadora do mundo (sal e luz), nós percebemos melhor que ser cristão mais do que afirmá-lo por palavras, é mostrá-lo na vida, com os nossos gestos, as nossas atitudes e comportamentos.
         Cristão sem sabura é como comida sem sal; o nosso mundo não está sabi porque cristão já perde si força, já vende si fé… e cristão sem fé não serve para nada…”
         A liturgia de hoje convida-nos a perceber quais são as atitudes do homem recto (…) “Reparte o pão com o faminto, dá pousada aos pobres sem abrigo, leva roupa ao que não tem que vestir (…) tira do meio de si a opressão, os gestos de ameaça e as palavras ofensivas”, no Salmo cantávamos: “Para o homem recto nascerá uma luz no meio das trevas” e no Evangelho Jesus diz-nos: “Vós sois o sal da terra. Mas se ele perder a força, com que há-de salgar-se? Não serve para nada, senão para ser lançado fora.”
         Ao proclamar hoje esta Palavra como Palavra de Salvação, não podia deixar de pensar na diferença abismal e infinita entre a Palavra de Deus, que dignifica o Homem, que o respeita e liberta, e a palavra dos políticos que fui ouvindo ao longo desta campanha… e os métodos de que se acusam uns aos outros de usar e que passam por coisas como “compra cabeça” / “troca cabeça”; aquilo que se faz/dá às escuras ou mesmo às claras para comprar os votos do povo simples até à prática da “boca da urna” onde é feita a última tentativa para influenciar o sentido do voto.
         Ao aperceber-me desta realidade, ao sofrer com ela, ao sentir o coração a sangrar por ver pessoas simples e sem objectivos a servirem de isco a alguns e cristãos sem força para serem SAL e LUZ, ao ver como é fácil enviar para o exterior só a imagem das coisas boas, sem mostrar tudo o que se passa cá dentro, só consigo repetir baixinho e, muitas vezes, o cântico que os jovens hoje cantaram, sem saberem verdadeiramente o alcance das suas palavras: “OH! NHÔR DÊS NHU TEM PENA DI NÓS.”

sábado, 5 de fevereiro de 2011

TEIAS...

Ontem, em Cabo Verde, foi o último dia de Campanha Eleitoral para as Eleições Legislativas...
VITÓRIA!!!
Conseguimos sobreviver ao "atentado sonoro" que nos foi impingido durante quinze dias mas não foi fácil…
"Cultura" dizem alguns, "Campanha" dizem outros ... eu, chamaria outra coisa...
A propósito do que vou vendo e ouvindo... lembrei-me do poema do poeta moçambicano, Mia Couto:

POBRES DOS NOSSOS RICOS

A maior desgraça de uma nação pobre é que em vez de produzir riqueza, produz ricos. Mas ricos sem riqueza.
Na realidade, melhor seria chamá-los não de ricos mas de endinheirados.
Rico é quem possui meios de produção.
Rico é quem gera dinheiro e dá emprego.
Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro, ou que pensa que tem.  Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele.
A verdade é esta: são demasiados pobres os nossos "ricos".
Aquilo que têm, não detêm.
Pior: aquilo que exibem como seu, é propriedade de outros.  
É produto de roubo e de negociatas.
Não podem, porém, estes nossos endinheirados usufruir em tranquilidade de tudo quanto roubaram.
Vivem na obsessão de poderem ser roubados.
Necessitavam de forças policiais à altura.
Mas forças policiais à altura acabariam por lançá-los a eles próprios na cadeia.
Necessitavam de uma ordem social em que houvesse poucas razões para a criminalidade.
Mas se eles enriqueceram foi graças a essa mesma desordem …               
                                                            MIA COUTO – Poeta Africano (Moçambique)



quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Mensagem aos meus amigos sobre LIBERMANN

Caros amigos, hoje celebra-se o aniversário da morte de Libermann e como diz o ditado: “os amigos dos meus amigos, meus amigos são”. Libermann é um dos fundadores dos meus amigos espiritanos, quero pois dizer-vos quem foi e porque deve ainda hoje ser recordada a sua vida:
Ando a ler o pequeno livro: Orar 15 dias com François Libermann, da Paulus Editora que termina desta maneira:”Para Libermann a vida apostólica é uma vida de amor, de santidade e de sacrifício, vida à qual Jesus formou os seus discípulos, vida à qual tão estreitamente uniu sua Mãe, modelo eminente que nos mostra como viver a vida apostólica do Filho de Deus, sem opor qualquer resistência ao Espírito Santo. (…) Em Libermann, esta vida de amor, de santidade e de sacrifício (…) é a sua regra de vida, a regra da sua conduta para com todos, é o que o missionário e o cristão devem viver, fazendo-se tudo para todos.
         Bendito sejas, Deus nosso Pai, por amor deste-nos o teu Filho Jesus para nos salvar, por amor nos dás o teu Espírito Santo para nos ensinar a amar como Jesus.
         Bendito sejas, Deus nosso Pai, tu suscitas na tua Igreja verdadeiros apóstolos, testemunhas enviadas por teu Filho para viver a missão que lhe confiaste. Bendito sejas por estes homens e estas mulheres, adultos ou crianças, que, no nosso mundo ferido pelo ódio e pelo pecado, revelam o teu rosto de amor.
         Bendito sejas, Deus nosso Pai, outrora escolheste um judeu, Paulo, para ser o apóstolo do teu Filho entre as nações. No séc. XIX, escolheste um outro judeu, Libermann, para fundar uma congregação missionária ao serviço dos pobres e dos abandonados. A sua vida ilumina a nossa e mostra o que o teu Espírito pode fazer por aqueles que não lhe resistem.
         Deus é tudo! Sim, nós acreditamos que, apesar das aparências contrárias, apesar de tantos profetas anunciando a desgraça, tu conduzes as coisas com força e sabedoria. Bendito sejas, “o céu e a terra estão cheios da tua glória”. Amém!”
 
         Eu não conhecia muito sobre a vida de Libermann mas gosto daquilo que vou lendo. Gosto sempre de conhecer vidas de homens e mulheres de grandes ideais, que se deixam moldar pela acção do Espírito Santo, e deixam que a(s) sua(s) vida(s) transforme(m) a época em que viveram e mudem o mundo para melhor… É o caso da vida deste homem… Mudou a sua época, muda a nossa época, na medida em que muitas pessoas continuam a seguir o seu exemplo de vida, nos cinco continentes e mudará todas as épocas na medida em que aqueles que “o seguem” forem fiéis aos desafios que deixou e vivam, em verdade, a Regra de Vida da Congregação que fundou.
         Hoje, alegro-me e dou graças a Deus, pelos Espiritanos e Espiritanas que tenho conhecido nos últimos tempos, e são rosto fiel do zelo e da espiritualidade de Libermann, tornando vivo e actual o seu testemunho. Peço ao Senhor, por Maria, para cada um deles, o dom da perseverança e da fidelidade…



terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Encontro Geral dos Catequistas da Paróquia

         Domingo, dia 30/01, foi dia de Encontro Geral dos Catequistas da Paróquia de S. Miguel.
Foi-me pedido que preparasse esta formação dos catequistas a partir da Exortação Apostólica pós-Sinodal Verbum Domini, do Papa Bento XVI. O tema escolhido foi: A Importância da Palavra de Deus na vida do Catequista. E, devido a este acontecimento, terminei a semana de forma mais atarefada pois foi preciso organizar a informação e construir o PowerPoint que ajudaria os catequistas a acompanharem a mensagem que queria transmitir e ainda o momento de oração inicial, tudo isto nos intervalos dos vários “apagões” (que podem acontecer a qualquer momento e não sabemos quanto tempo duram).
A Igreja encheu-se, embora não tenham estado presentes todos os catequistas, e das dez horas às onze e trinta, aproximadamente, lá acolheram a informação que tentei transmitir-lhes, de forma atenta e participante nos momentos em que foram solicitados. Depois foi o Pároco que lhes dirigiu a palavra e em seguida celebrou-se a Eucaristia e cada um regressou a sua casa, esperemos que fortalecido, no seu compromisso de catequista e evangelizador.





2011 - Ano Europeu das Actividades Voluntárias que Promovam uma Cidadania Activa.

Os deputados ao Parlamento Europeu referiram que os europeus devem ser incentivados a exercer mais voluntariado para se ajudarem a si próprios e a comunidade em termos gerais.

Por isso no dia 27 de Novembro de 2009, o Conselho de Ministros da U.E., declarou oficialmente 2011, Ano Europeu das Actividades Voluntárias que Promovam uma Cidadania Activa.

“O Ano Europeu tem por objectivo geral incentivar e apoiar os esforços desenvolvidos pela Comunidade, pelos Estados-Membros e pelas autoridades locais e regionais tendo em vista criar condições na sociedade civil propícias ao voluntariado na U.E. e aumentar a visibilidade das actividades de voluntariado na U.E.

Em Portugal foi publicada em Agosto no Diário da República a portaria, aprovada em Conselho de Ministros, que institui o ano de 2011 como ano europeu das actividades de voluntariado que promovam uma cidadania activa (Diário da República nº 165 Série I de 25/08/2010).

Coração de voluntário
Maria Teresa Maia Gonzalez, Escritora
"O importante não é o que se dá, mas o amor com que se dá" (Madre Teresa de Calcutá)

     Tenho para mim que, neste mundo, não há nenhum coração mais poderoso do que o coração de um voluntário. É que, nesse coração, o dom do amor e o da alegria que dele deriva são constantemente multiplicados pelo Autor da Vida, cujo Filho Unigénito fez, um dia, perante milhares de homens e mulheres famintos, o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes.
     O coração do voluntário fez uma opção clara: decidiu renunciar ao comodismo, ao conformismo, ao egoísmo. Decidiu abrir-se para ouvir (e sentir!) a voz dos que não costumam ser ouvidos. E, depois de tomada essa decisão essencial, esse coração não mais volta a ser o mesmo, porque se humanizou. Não mais consegue ficar indiferente às carências e aflições dos outros. Porque esses "outros" passam a fazer parte de si mesmo. E, então, dá-se um fenómeno extraordinário: ao expandir-se para abrigar os outros, o coração do voluntário começa a assemelhar-se ao de Cristo, que como sabemos, é "manso, humilde" e misericordioso.
     Para o voluntário - qualquer que seja o país em que se encontre - há sempre situações "de crise" em que procura colaborar para melhorar a qualidade de vida de quem mais precisa. Hoje em dia, sabendo que o nosso País e grande parte do mundo estão mergulhados numa crise de que tantos falam e poucos entendem, verificamos que tem havido uma resposta muito positiva da parte de muitos para minorar as carências dos mais pobres, veja-se, por exemplo, o caso do Banco Alimentar Contra a Fome. É muito bom que todos os cidadãos partilhem um pouco do que têm, para que muitas instituições possam levar o pão de cada dia a quem não o tem nem pode ganhá-lo com o seu trabalho. No entanto, para o voluntário, todo o tempo é tempo de ajudar quem conta consigo, por isso, não fica à espera das campanhas de solidariedade (sem dúvida, importantes), para cumprir a missão que abraçou. Tornou-se um combatente de alma e coração. E o seu combate é contra a exclusão, a indiferença, a dor, o desespero…
     E o que espera aquele que conta com o coração de um voluntário? Muitas vezes, espera apenas ser ouvido; outras vezes, espera cuidados básicos de higiene; outras ainda espera a mão amiga que lhe estende a colher da sopa, porque já não consegue alimentar-se sozinho. Mas há também quem espera ouvir uma palavra de conforto - arma eficaz no combate à solidão e à angústia de quem viu a esperança desmoronar-se como um baralho de cartas.
     Quanto ao voluntário, esse também espera algo: espera o milagre de fazer nascer um sorriso no rosto do idoso, do órfão, do recluso, do doente, da pessoa portadora de deficiência, do sem-abrigo que conta consigo. Espera e, geralmente, alcança este objectivo, o que o deixa imediatamente feliz. É que, como lemos na famosa Oração de S. Francisco de Assis, "é dando que se recebe". Assim, na vida de um voluntário, o acto de receber e o de dar são um e um só. Porque se fundem. Porque um não existe sem o outro.
     Tenho o privilégio de fazer serviço de voluntariado numa casa de saúde que acolhe e cuida de pessoas portadoras de doença mental e deficiência profunda. Como qualquer outro voluntário, cedo descobri que recebo incomparavelmente mais do que aquilo que dou, porque os tais "sorrisos" que vou ajudando a nascer alimentam a minha alma de uma alegria muito especial que, de outro modo, não conheceria. Uma alegria que eu acredito vir directamente de Cristo, que nos ensinou que tudo o que fizermos por amor, a Ele o faremos. Por isso, o tal sorriso encantador (seja de alívio, conforto, de esperança ou de ternura) que ajudou a nascer está exactamente à altura do seu coração de voluntário. Qualquer outro prémio lhe seria inferior.
     O mais importante não é, de facto, o que se dá, mas o amor que acompanha o gesto e que lhe deu origem. Ora todo o gesto de um voluntário nasce… no Coração de Deus! E para Ele regressa, tendo dado frutos.
     Neste Ano Europeu do Voluntariado, que muitos sintam a coragem de saírem de si mesmos e avancem prontos a dar - e a receber! Será preciso um esforço, sem dúvida. Há horários a ajustar, aprendizagens (às vezes um pouco difíceis) a fazer. Compromissos a assumir… O que posso, desde já, dizer é que esse esforço vai, certamente, valer a pena!
Mª Teresa Maia Gonzalez, Escritora