Convite


" A Igreja convida-nos a aprender de Maria (...) a contemplar o projecto de amor do pai pela humanidade, para amá-la como Ele a ama."



Mensagem Bento XVI, Dia Mundial das Missões 2010
















quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Não quero e não posso esquecer o tempo que passei em missão ad gentes na Calheta de S. Miguel, por isso e, na medida do possível, continuarei a partilhar convosco o "pós Calheta", numa fase nova... 

Na mão do "nosso" Missionário está Cristo crucificado, Aquele com quem os cristãos procuram identificar-se... Aquele de quem os Pastores são rosto vivo e era sobre a nossa identificação com a Sua cruz que ele falava neste momento...

Até sabemos que "a cruz é a prenda que Deus dá aos Seus amigos" e "que o discípulo não é mais do que o Mestre" mas... por vezes, temos dificuldade em aceitar que os nossos planos sejam alterados... principalmente quando até consideramos que são bons para o "Reino"...

O "nosso" Missionário chegou ao fim do ano cansado com o "peso" da missão e com o MUITO que lhe é pedido... quem procura viver fielmente as exigências do Reino e não cede aos facilitismos que por vezes até aparecem como "sinais de modernidade e de respeito pela cultura",  não tem vida fácil...
Unamo-nos em oração, pedindo ao Senhor da Messe que dê força e saúde aos Seus "trabalhadores"; peçamos o dom da fidelidade para cada um deles e unamos a nossa à sua oração, para que se sintam mais fortes, com a força da comunhão e da oração da Igreja, que os fará caminhar até à santidade.

No livro que estou a ler, encontrei esta frase:
" A maior honra que Deus pode fazer a uma alma, não é dar-lhe muito, é pedir-lhe muito! (...) Não foi sofrendo e morrendo que Ele resgatou o mundo?"



Presidenciais: Cabo-verdianos regressaram às urnas


No domingo, 21 de Agosto, os cabo-verdianos regressaram às urnas, para escolher, na segunda volta das eleições presidenciais 2011, entre os candidatos Jorge Carlos Fonseca e Manuel Inocêncio Sousa o quarto presidente da República.



FONSECA VENCEU COM 54,16 POR CENTO DOS VOTOS

Praia, 23 Agosto – Já é oficial. Jorge Carlos Fonseca foi o vencedor na segunda volta das eleições presidenciais de domingo, em Cabo Verde, com 54,16 por cento dos votos, confirmou hoje a Direção-Geral de Apoio ao Processo Eleitoral (DGAPE) cabo-verdiana.
Segundo os resultados finais oficiais, já remetidos ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ), que faz a vez de Tribunal Constitucional (TC), Fonseca recolheu 97.643 votos, contra os 82.634 (45,84 por cento) do seu adversário, Manuel Inocêncio Sousa.
Segundo os dados da DGAPE, a abstenção foi de 40,3 por cento, menor do que na primeira volta (46,8 por cento), registando-se ainda 1.489 votos brancos (0,81 por cento) e 831 nulos (0,45 por cento).
A DGAPE já confirmou os resultados das presidenciais

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Quando cheguei a Portugal tinha a família e os amigos, com muitas saudades, um ar apreensivo por me encontrarem mais magra, e muita vontade de ouvir as coisas bonitas que eu tenho para contar.

Bendito seja Deus por todos aqueles que coloca ao nosso lado, nos caminhos da Vida, para fazerem caminho connosco;
Bendito seja Deus, por todos os familiares e amigos, que deram as mãos a este projecto de Voluntariado Missionário e o tornaram possível comigo!

Calheta de S. Miguel, Cabo Verde
Ano Lectivo 2010-2011

“A minha alma exulta de alegria, em Deus meu Salvador!”

MAGNIFICAT!

Quando tive tempo para ver o correio, encontrei na minha página do facebook o comentário que se segue. Partilho-o convosco porque tinha pedido ao Pe. Nuno que escrevesse umas linhas para o Alegrai-vos.
Dou graças a Deus, pelo DOM que foi para a minha vida, poder partilhar a Missão com este MISSIONÁRIO tão generoso e perseverante e pelo grande AMIGO que nele encontrei.

Caríssima e grande Amiga Profª Paula
Ao fim desta experiência e etapa na sua vida, só tenho a dar Graças a Deus por pessoa tão especial que Deus permitiu que conhecesse. Já acreditava em Mulheres valorosas, mas tive a oportunidade de conhecer uma Mulher cristã de garra, de fé, de trabalho, de dedicação e de tanto amor para dar aos outros. Recebi muito de todo o seu apoio e presença no nosso meio. Eternamente grato pela Missão que viveu deste lado. Voluntários como estes são raridades e desta qualidade a nível cristão, excepções. Bendito seja Deus por tudo o que vivemos juntos. O seu grande e reconhecido amigo Missionário Pe. Nuno


Cara Comunidade Espiritana da Calheta de S. Miguel,

Depois de um ano (lectivo) MAGNÍFICO de Voluntariado Missionário, vivido entre vós, e já em Portugal, agradeço a oportunidade que me deram de viver uma experiência tão ÚNICA e ESPECIAL que marcou, para sempre, a minha vida e que não pode terminar aqui…
Agora, forçosamente, é preciso ousar a “fantasia da caridade” (como dizia João Paulo II) e inventar uma forma nova de continuar a colaboração iniciada, sem ser de forma presencial.
Como já escreveu o Santo Padre Bento XVI, na Mensagem para o Dia Missionário Mundial deste ano, que será a 23 de Outubro: “A atenção e a cooperação na obra evangelizadora da Igreja no mundo não podem ser limitadas a alguns momentos ou ocasiões particulares (…) É importante que tanto cada baptizado como as estruturas eclesiais se interessem pela missão (…) de maneira constante, como forma de vida cristã.”
Eternamente grata por tudo o que me foi dado viver entre vós e convosco e unida em oração, desejo-vos uma vida, cada vez mais fiel, e BOA MISSÃO!

Paula Silvestre
 
Nota:
Dou graças ao Espírito Santo que desviou a minha rota de Moçambique para Cabo Verde. Mais e melhor do que o acolhimento que me foi proporcionado pela Comunidade Espiritana da Calheta seria difícil encontrar em algum lado! Eternamente grata!

Foi esta consciência da minha condição de baptizada a razão de ser da minha passagem pela Calheta de S. Miguel, é esta a razão de ser da minha partida e será sempre a razão de ser da minha vida.
Eternamente grata pela presença amorosa de Deus na minha vida e pelo MUITO que aqui vivi, só posso anunciá-l’O, onde quer que me encontre, tudo fazer para que Ele seja “TUDO EM TODOS!” e cantar MAGNIFICAT!


“Ficamos eternamente responsáveis por aqueles que cativamos”. Saint-Exupéry

ETERNAMENTE GRATA!
Não foram nada fáceis estes últimos dias… nunca são fáceis os processos de separação, quando aquilo que vivemos foi ÚNICO e verdadeiramente MAGNÍFICO e foi mais difícil ainda porque deixei a pessoa que mais colaborou comigo, doente e cansada…








 Hora di bai, hora di dór!
Djá’m crê p’êl câ manchê!
Ai a hora da partida, a hora da dor!
Preferia que nunca mais se fizesse dia.
Si bem ê doce
Bai ê magoado;
Se é agradável a chegada
A partida é terrível
Má sê câ bado
Câ tâ birado…
Mas se eu não for
Não posso regressar…
Por tudo o que aconteceu (durante este ano): OBRIGADA!
Por tudo o que vai acontecer (a partir daqui): SIM!


Fui a casa dos nossos “Pastorinhos”, levei leite e fraldas, vi a Lúcia com a mãozinha na boca, desesperada com os dentes que querem nascer e estive um bocadinho com eles, tirei algumas fotos e a mãe deu-me o número de telemóvel para eu saber notícias deles. Disse-lhe que alguém da Paróquia, continuaria a ir lá quando fosse possível, para lhe levar alguma ajuda e desejei que tudo corresse bem, prometi que continuaria a rezar por eles, que ia pedir que tirassem algumas fotos, de vez em quando, e saí de lá ... serena mas com as lágrimas a caírem, já gostava muito destes bebés que há alguns meses acompanhava e via crescer... senti-me muitas vezes "instrumento daa Providência Divina", levando-lhes a ajuda de que necessitavam para terem uma vida saudável e, simultâneamente, o fruto da vossa generosidade...







Os dias passaram muito depressa! (Como sempre durante o ano…ou mais ainda!)
Tinha acabado o primeiro número jornal da Escola Nha Mita Prêra, que se chama Caminhando Juntos, e estava à espera que a tipografia o entregasse mas atrasaram-se e não chegou a tempo de eu o ir entregar a Espinho Branco. Imaginava as caritas curiosas e felizes dos miúdos ao verem o seu jornal mas… fiquei sem a possibilidade de testemunhar este momento importante que será o culminar do nosso trabalho deste ano.


Acabei e entreguei o meu relatório de avaliação deste ano de voluntariado missionário. Foi bom para mim fazê-lo, ocupou-me algum tempo mas ajudou-me a sistematizar o MUITO que me foi dado viver aqui e a dar graças a Deus por tudo!

Partilho convosco o que escrevi no ponto 6 - Aspectos a melhorar no acolhimento a futuros voluntários (propostas concretas…)

Pensei e rezei e não consigo encontrar nenhum aspecto a melhorar (a não ser o facto de ser necessário vir com licença sem vencimento e isso ter um preço muito elevado ao nível económico e penalizador na progressão na carreira… mas isso não entra aqui nestas propostas…)

Dificilmente, em qualquer canto da missão ad gentes, algum voluntário foi tratado melhor do que eu!

Destaco alguns aspectos que considerei muito positivos e devem ser mantidos:

  • Fui recebida como membro da “família” e não como estranha ou “hóspede de passagem”;
  • Mergulhei na vida da Paróquia e da Comunidade como se lhes pertencesse desde sempre;
  • Fui respeitada e apoiada como mulher, como leiga, como cristã;
  • Tive condições favoráveis que facilitaram a minha integração: bom alojamento, boa alimentação, bom ambiente;
  • Foi-me proporcionado, de um modo muito aberto e fraterno, um conhecimento e um envolvimento em toda a dinâmica da vida desta Paróquia e Comunidade;
  • Foi-me dado “espaço” para pensar, decidir, e agir, com total autonomia, dentro dos objectivos de pastoral da Paróquia e do Projecto de Vida Comunitária;
Mais e melhor do que o acolhimento que me foi proporcionado pela Comunidade Espiritana da Calheta será difícil encontrar! Estou certa que este se deveu, em primeiro lugar, à enorme abertura e generosidade missionária, do superior da comunidade, (e, por alargamento, da comunidade) e, também, à minha forma de estar na vida e de a viver. Estas, são circunstâncias irrepetíveis! Outros voluntários poderão ter todos os aspectos positivos que destaquei anteriormente, e terão certamente, mas a sua experiência aqui será diferente da minha. Basta que o voluntário seja diferente, o superior seja outro ou algum dos membros da comunidade, e tudo será diferente!
Quanto a mim, estou eternamente grata, pela experiência única e magnífica, que tive a oportunidade de viver este ano.

Eu queria vir embora discretamente, como discretamente tinha chegado… Não queria festas nem grandes despedidas, quando pensava nisso as lágrimas caiam sem parar… Lembrava-me só da passagem do Evangelho que diz: “…depois de feitas todas as coisas (…) Somos servos inúteis; só fizemos o que devíamos fazer (Lc. 17,10)
Mas era forçoso estar com algumas pessoas com quem tinha privado mais de perto, com quem tinha criado mais afinidade… alguns alunos vieram despedir-se de mim, trazer alguma recordação, eu também quis estar com alguns e dar-lhes mais uma palavra de incentivo e algum presente.
 Uma das alunas que gostei bastante de conhecer.
 A bebé da minha aluna do 8º ano que nasceu em Maio.

 Dois dos vários presentes que me ofereceram.

Foi preciso encontrar um pouco de tempo para estar com a Eliane, terceira filha de um casal amigo, que nasceu exactamente no dia em que eu vim para Cabo Verde (10-10-2010) e já anda sozinha.
Pedir à minha aluna Socorro, que aos 18 anos já é mãe de uma menina de dois anos e de um bebé de oito meses, que me fizesse algumas peças de artesanato das que ela faz para tentar ganhar o seu sustento e o da família, para poder depois oferecer aos meus amigos e, ao mesmo tempo, ajudá-la um pouco.  Aqui ficam alguns dos seus trabalhos.

Nesses dias estavam connosco duas irmãs que vieram de Portugal, a irmã Ana Rita, natural de Cabo Verde e de Principal (um dos lugares desta Paróquia onde também nasceu o Bispo D. Teodoro), e a irmã Prazeres, Servas da Sagrada Família. Por esses dias Principal, recebeu a irmã Ana Rita, em festa, e deu graças pela sua vocação religiosa.
Era o meu último Domingo na Calheta de S. Miguel, em Acção de Graças e, contrariando o que eu tinha pedido, o Pe. Nuno falou da minha vinda e agradeceu a minha presença durante este ano aqui na paróquia… foi difícil para mim, para ele e para mais algumas pessoas…
Aqui ficam algumas fotos…



Depois… ainda tive a possibilidade de estar, pela primeira vez, num funeral…

Até ao fim ensinei aquilo que podia e vi concluída e utilizada pela primeira vez uma “obra de arte” que encomendei aos artistas locais e ofereci, com muito carinho, por me parecer cheia de simbolismo.


segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Quando cheguei estava connosco um missionário de Cabo Verde, que está na Guiné, e agora em período de férias, veio ajudar esta missão.
Porque foram muito enriquecedoras as conversas que tivemos, pedi-lhe para falar da missão onde está e ele fê-lo com muita paixão. Aqui fica o testemunho do Pe. Manuel:

Os missionários do Espírito Santo chegaram à Guiné-Bissau em 1979, instalaram-se em Bajob, uma pequena aldeia do Sector de Calequisse, zona manjaca daquele País. Antes já tinham trabalhado com os manjacos em Dakar. Acharam porém que era preciso conhecer as suas origens para que a animação que fazem fosse mais eficaz, o que corresponde à vontade de alguns manjacos que pediram que os espiritanos fossem para a Guiné-Bissau.
O Conselho Geral Alargado de Alemanha, nos anos 70, aceitou o pedido do Distrito do Senegal e dos referidos manjacos. Decidiram em favor da presença espiritana na zona manjaca. Eram 3 missionários: dois franceses e um português. Optaram por ficar numa pequena aldeia de 300 pessoas, Bajob, e não o Centro do Sector, Calequisse porque um dos objectivos a que se propuseram era o conhecimento da língua e da Cultura manjaca, o que não se conseguia facilmente em Calequisse, onde as pessoas, pelo menos uma parte, falam o crioulo.
Realmente passados mais de 30 anos já se nota que os missionários de Bajob não negligenciaram esta pista: investiram na aprendizagem da língua local, aplicaram-na na liturgia, visitaram as pessoas, editaram métodos e léxicos manjacos…
O mundo visível manjaco depende completamente do invisível: os espíritos e os antepassados que são consultados para tudo. Os espíritos são muito respeitados e fazem-se-lhes muitas cerimónias, libações e sacrifícios para os apaziguar e repor a ordem das coisas.
As festas mais importantes são a Iniciação tradicional, 3 meses no Mato Sagrado,  de 25 em 25 anos ou de dez em dez anos em Caió, mais ou menos, e a morte.
Os cristãos são apenas 5% da população. A Paróquia de Bajob tem 15 mil habitantes e corresponde a todo o Sector de Calequisse. Ela é formada por 12 comunidades cristãs, cada uma com a sua capela; num domingo têm a missa e noutro a celebração da Palavra de Deus. Actualmente só tem 2 padres e uma comunidade de irmãs Espiritanas, desde 1995, formada por quatro membros, que prestam um excelente trabalho à Diocese de Bissau, a nível de pastoral e do social.
Em 1988, abriu-se a comunidade de Caió, ainda na zona manjaca. De 2002 a 2006 os missionários deixaram de ter Bajob como base. Ficaram em Caió e iam a Bajob onde passavam alguns dias. De 2006 para cá a situação inverteu-se, isto é, a base passou a ser Bajob.
Em Caió há uma comunidade de irmãs Espiritanas, desde 1991, que como as de Bajob, prestam uma excelente colaboração à evangelização deste povo. Actualmente é formada por três irmãs.
Em cada quinze dias os padres dão apenas quatro dias de presença e assistência a Caió por lá haver menos comunidades cristãs.
As nossas prioridades são: o conhecimento da língua e da Cultura, o diálogo com a Religião tradicional, a fundação e a animação das comunidades cristãs, a inculturação, a educação/ensino e saúde, a promoção infantil e feminina.
Em 1991 aceitámos uma Paróquia em Bissau, uma presença urbana.
Em 2004 abrimos a Missão de Gabu, Diocese de Bafatá, uma presença em zona muçulmana que tem como uma das suas prioridades o diálogo com o Islamismo.
Contamos que rezem por nós, para que o Evangelho continue a fecundar o coração do povo manjaco e e de toda a Guiné Bissau.

“Uënda wël-ind mbos!” (está em língua manjaca e significa saudamo-vos a todos!)
                                               25 de Julho de 2011, P. Manuel SEMEDO
 Poilão