Um ano depois... O REGRESSO À CALHETA!
Má sê câ bado câ tâ birado… / Mas se eu não for não posso regressar…
É verdade… eu saí da Calheta de S. Miguel, em Cabo Verde, como
Voluntária Missionária, a 28 de Julho de 2011 … e regressei a 30 de Julho de
2012.
Agora, tinha o meu mês de férias para gastar o melhor possível… e o
melhor possível… implicava voltar àquela terra, àquela Comunidade Espiritana,
àquele povo com quem fui/sou tão FELIZ… “matar saudades” e dar-lhes a minha
pequena ajuda!
Mais uma vez, foi MAGNÍFICO o acolhimento! Parecia que tinha
saído de lá no dia anterior e regressava a casa e à família! A mesma confiança,
a mesma abertura, a mesma cumplicidade, a mesma fraternidade, amadurecidas por
um ano de convívio e de comunhão alimentados pelos meios possíveis e pela oração
que fortalece as relações!
O caminho estava aberto, eu estava disponível para colaborar e, no meio
do IMENSO calor que o tempos “das azáguas” traz, (quando a chuva não aparece e
faz tanta falta porque a primeira sementeira em muitos sítios já morreu e é
preciso avançar de novo e confiar…), transpirando o dia todo e a toda a hora,
lá se foi distribuindo o material que tinha ido no contentor, revendo amigos,
vivendo com a Comunidade, celebrando a fé, apoiando os últimos dos últimos
(carisma espiritano que torna tão especial esta Missão), acompanhando as obras
que preparam esta paróquia para o futuro, formando agentes de pastoral, levando
material, brinquedos, comida, roupa, amor, àqueles que mais precisam deles…
No meio de tudo isto, o grande desafio de me retirar/parar e deixar que
durante uns dias o silêncio orante do encontro com Deus se sobrepusesse aos
muitos afazeres da vida da missão, para “carregar baterias” e tentar dar a tudo
o que se faz a marca do amor de Deus, mais do que a força da minha boa vontade!
E os dias foram passando, vividos intensamente minuto a minuto, emprestando
as minhas mãos aos muitos que lá fizeram chegar a sua ajuda, na força dos
reencontros, na alegria de ver crescer as muitas crianças que já fazem parte da
minha vida ou as que tinham nascido entretanto, no concretizar de alguns sonhos
(como o de equipar o quarto dos “nossos Pastorinhos”), nos diálogos com aqueles
que queriam partilhar o que tinha sido um ano das suas vidas, nos projetos de
construção do presente e do futuro, no “dar aos mãos” àqueles que gastam as
suas vidas para construir o Reino de Deus, nos desafios que são lançados aos
meus alunos, na alegria profunda de viver simplesmente em Missão e, como
batizada, ir dizendo a todos, com palavras e gestos, que o amor de Deus é o
sentido das nossas vidas…
Um mês passa depressa… mas pode mudar as nossas vidas e pode ser semente
de um mundo novo!
Pela segunda vez, no meio de uma enorme mistura de sentimentos (de
alegria e algum sofrimento) eu só podia dar graças a Deus por mais esta
oportunidade na minha vida e estar ETERNAMENTE GRATA a todos aqueles que a
tornam possível!