Convite


" A Igreja convida-nos a aprender de Maria (...) a contemplar o projecto de amor do pai pela humanidade, para amá-la como Ele a ama."



Mensagem Bento XVI, Dia Mundial das Missões 2010
















domingo, 27 de junho de 2021

"Fresca manhã da vida, recomeço"... de um dia, de um Domingo☀️, de um ano novo! 🔥 OBRIGADA a todos e cada um dos que caminham comigo 👣 aqueles cujas vidas, por alguma razão, um dia tocaram a minha vida e ficaram a fazer parte dela 😘 aqueles com quem em várias circunstâncias e em vários cantos do mundo, já partilhei a vida e já fui muito feliz 🌍 GRATIDÃO pela Vida, por cada um de vós, ao Deus da Vida! 🙏💝 Miguel Torga MANHÃ Fresca manhã da vida, recomeço Doutros orvalhos onde o sol se molha. Nova canção de amor e novo preço Do ridente triunfo que nos olha. Larga e límpida luz donde se vê Tudo o que não dormiu e germinou; Tudo o que até de noite luta e crê Na força eterna que o semeou. Um aceno de paz em cada flor; Um convite de guerra em cada espinho; E os louros do perfeito vencedor À espera de quem passa no caminho. in ‘Libertação’

domingo, 13 de junho de 2021

Para Português Ler A 13 de Junho de 1654, o Padre António Vieira prega o "Sermão de Santo António aos Peixes" https://www.facebook.com/search/top?q=para%20portugu%C3%AAs%20ler

sexta-feira, 11 de junho de 2021

Solenidade do Sagrado Coração de Jesus e Jornada de Oração pela Santificação dos Sacerdotes Hoje, solenidade do Sagrado Coração de Jesus, é também dia de oração pela santificação dos sacerdotes. Instituído por São João Paulo II em 1995, com a Carta aos Sacerdotes por ocasião da Quinta-feira Santa, o "Dia Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes" é celebrado todos os anos na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus. O seu objetivo é encorajar, tanto os sacerdotes a refletir sobre o dom do sacerdócio que receberam de Cristo, quanto os fiéis a rezar por seus sacerdotes, para que possam ser fortalecidos no seu ministério e permanecer firmes no seu compromisso com o Senhor.
. 𝐎𝐫𝐚𝐜̧𝐚̃𝐨 𝐩𝐞𝐥𝐨𝐬 𝐒𝐚𝐜𝐞𝐫𝐝𝐨𝐭𝐞𝐬 𝑁𝑜́𝑠 𝑡𝑒 𝑝𝑒𝑑𝑖𝑚𝑜𝑠, 𝑆𝑒𝑛ℎ𝑜𝑟 𝐽𝑒𝑠𝑢𝑠, 𝑝𝑒𝑙𝑜𝑠 𝑛𝑜𝑠𝑠𝑜𝑠 𝑠𝑎𝑐𝑒𝑟𝑑𝑜𝑡𝑒𝑠, 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑞𝑢𝑒 𝑠𝑒𝑗𝑎𝑚 𝑓𝑖𝑒́𝑖𝑠 𝑎𝑜 𝑑𝑜𝑚 𝑑𝑎 𝑣𝑜𝑐𝑎𝑐̧𝑎̃𝑜 𝑒 𝑚𝑖𝑛𝑖𝑠𝑡𝑒́𝑟𝑖𝑜 𝑞𝑢𝑒 𝑟𝑒𝑐𝑒𝑏𝑒𝑟𝑎𝑚 𝑒 𝑣𝑖𝑣𝑎𝑚 𝑎𝑝𝑎𝑖𝑥𝑜𝑛𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑇𝑖 𝑒 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑃𝑜𝑣𝑜 𝑑𝑒 𝐷𝑒𝑢𝑠 𝑞𝑢𝑒 𝑙ℎ𝑒𝑠 𝑐𝑜𝑛𝑓𝑖𝑎𝑠𝑡𝑒! 𝑆𝑒𝑛ℎ𝑜𝑟 𝐽𝑒𝑠𝑢𝑠, 𝑓𝑎𝑧 𝑐𝑜𝑚 𝑞𝑢𝑒 𝑜𝑠 𝑠𝑎𝑐𝑒𝑟𝑑𝑜𝑡𝑒𝑠 𝑠𝑒𝑗𝑎𝑚 𝑠𝑎𝑛𝑡𝑜𝑠, ℎ𝑢𝑚𝑖𝑙𝑑𝑒𝑠 𝑒 𝑝𝑜𝑏𝑟𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑎𝑐̧𝑎̃𝑜, 𝑐𝑎𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑒 𝑜𝑏𝑒𝑑𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑎̀ 𝑣𝑜𝑛𝑡𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑃𝑎𝑖! 𝑄𝑢𝑒 𝑠𝑒𝑗𝑎𝑚 «𝑏𝑜𝑛𝑠 𝑝𝑎𝑠𝑡𝑜𝑟𝑒𝑠» 𝑒 «𝑏𝑜𝑛𝑠 𝑠𝑎𝑚𝑎𝑟𝑖𝑡𝑎𝑛𝑜𝑠», 𝑡𝑒𝑠𝑡𝑒𝑚𝑢𝑛ℎ𝑜𝑠 𝑣𝑖𝑣𝑜𝑠 𝑑𝑜 𝑎𝑚𝑜𝑟 𝑑𝑜 𝑇𝑒𝑢 𝐶𝑜𝑟𝑎𝑐̧𝑎̃𝑜! 𝑆𝑒𝑛ℎ𝑜𝑟 𝐽𝑒𝑠𝑢𝑠, 𝑞𝑢𝑒 𝑜𝑠 𝑛𝑜𝑠𝑠𝑜𝑠 𝑠𝑎𝑐𝑒𝑟𝑑𝑜𝑡𝑒𝑠 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑢𝑧𝑎𝑚 𝑜 𝑃𝑜𝑣𝑜 𝑑𝑒 𝐷𝑒𝑢𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑠𝑎𝑏𝑒𝑑𝑜𝑟𝑖𝑎 𝑒 𝑚𝑖𝑠𝑒𝑟𝑖𝑐𝑜́𝑟𝑑𝑖𝑎, 𝑣𝑖𝑣𝑎𝑚 𝑎𝑝𝑎𝑖𝑥𝑜𝑛𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑝𝑒𝑙𝑎 𝑃𝑎𝑙𝑎𝑣𝑟𝑎 𝑒 𝑝𝑒𝑙𝑎 𝐸𝑢𝑐𝑎𝑟𝑖𝑠𝑡𝑖𝑎, 𝑡𝑒𝑛ℎ𝑎𝑚 𝑔𝑜𝑠𝑡𝑜 𝑒𝑚 𝑐𝑒𝑙𝑒𝑏𝑟𝑎𝑟 𝑜𝑠 𝑠𝑎𝑐𝑟𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠, 𝑠𝑒𝑗𝑎𝑚 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑒𝑚𝑝𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜𝑠 𝑒 ℎ𝑜𝑚𝑒𝑛𝑠 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑓𝑢𝑛𝑑𝑎 𝑜𝑟𝑎𝑐̧𝑎̃𝑜, 𝑞𝑢𝑒 𝑛𝑎̃𝑜 𝑙ℎ𝑒𝑠 𝑓𝑎𝑙𝑡𝑒 𝑜 𝑎𝑚𝑜𝑟 𝑒 𝑑𝑒𝑑𝑖𝑐𝑎𝑐̧𝑎̃𝑜 𝑎𝑜𝑠 𝑝𝑜𝑏𝑟𝑒𝑠, 𝑎𝑜𝑠 𝑑𝑜𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠, 𝑎𝑜𝑠 𝑚𝑎𝑟𝑔𝑖𝑛𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑜𝑠, 𝑎𝑜𝑠 𝑞𝑢𝑒 𝑠𝑜𝑓𝑟𝑒𝑚 𝑒 𝑎̀𝑠 𝑓𝑎𝑚𝑖́𝑙𝑖𝑎𝑠 𝑒𝑚 𝑝𝑟𝑜𝑣𝑎𝑐̧𝑎̃𝑜. 𝐹𝑎𝑧, 𝑆𝑒𝑛ℎ𝑜𝑟 𝐽𝑒𝑠𝑢𝑠, 𝑐𝑜𝑚 𝑞𝑢𝑒 𝑜𝑠 𝑛𝑜𝑠𝑠𝑜𝑠 𝑠𝑎𝑐𝑒𝑟𝑑𝑜𝑡𝑒𝑠 𝑠𝑎𝑖𝑏𝑎𝑚 𝑝𝑎𝑟𝑡𝑖𝑙ℎ𝑎𝑟 𝑐𝑜𝑚 𝑜𝑠 𝑗𝑜𝑣𝑒𝑛𝑠 𝑎 𝑎𝑙𝑒𝑔𝑟𝑖𝑎 𝑑𝑎 𝑠𝑢𝑎 𝑣𝑖𝑑𝑎 𝑠𝑎𝑐𝑒𝑟𝑑𝑜𝑡𝑎𝑙. 𝐴𝑚𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑜𝑠 𝑠𝑎𝑐𝑒𝑟𝑑𝑜𝑡𝑒𝑠 𝑚𝑎𝑖𝑠 𝑖𝑑𝑜𝑠𝑜𝑠 𝑒 𝑜𝑠 𝑚𝑎𝑖𝑠 𝑑𝑜𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠, 𝑜𝑠 𝑞𝑢𝑒 𝑠𝑒 𝑠𝑒𝑛𝑡𝑒𝑚 𝑚𝑎𝑖𝑠 𝑡𝑒𝑛𝑡𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑜𝑢 𝑑𝑒𝑠𝑎𝑛𝑖𝑚𝑎𝑑𝑜𝑠. 𝑃𝑟𝑜𝑡𝑒𝑔𝑒-𝑜𝑠 𝑛𝑎𝑠 𝑠𝑢𝑎𝑠 𝑑𝑖𝑓𝑖𝑐𝑢𝑙𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠, 𝑓𝑜𝑟𝑡𝑎𝑙𝑒𝑐𝑒-𝑜𝑠 𝑛𝑎𝑠 𝑠𝑢𝑎𝑠 𝑓𝑟𝑎𝑔𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠. 𝑆𝑒̂, 𝑆𝑒𝑛ℎ𝑜𝑟 𝐽𝑒𝑠𝑢𝑠, 𝑎𝑚𝑝𝑎𝑟𝑜 𝑒 𝑟𝑒𝑓𝑢́𝑔𝑖𝑜 𝑑𝑜𝑠 𝑠𝑎𝑐𝑒𝑟𝑑𝑜𝑡𝑒𝑠, 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑞𝑢𝑒, 𝑎𝑛𝑖𝑚𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑠𝑜𝑝𝑟𝑜 𝑑𝑜 𝐸𝑠𝑝𝑖́𝑟𝑖𝑡𝑜, 𝑡𝑒𝑛ℎ𝑎𝑚 𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑎𝑐̧𝑎̃𝑜 𝑎𝑞𝑢𝑒𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑒 𝑒𝑛𝑜𝑏𝑟𝑒𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑓𝑜𝑔𝑜 𝑑𝑜 𝑇𝑒𝑢 𝑎𝑚𝑜𝑟. 𝐴́𝑚𝑒𝑛!

quinta-feira, 10 de junho de 2021

Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades
Para Português Ler Porque hoje é o meu dia e o de todos os portugueses Apresento-me... O meu nome é Luís Vaz de Camões e vivi em Portugal no século XVI. Aqueles que mais tarde viriam a ocupar-se da minha vida (os meus biógrafos) viram-se em sérios embaraços para sabê-lo, visto que não conseguiram obter documen¬tos seguros a meu respeito. Muitas histórias se inventaram sobre mim, mas, como diria mais tarde, no século XX, um famoso cineasta, de origem irlandesa e de nome John Ford, "quando a lenda ultrapassa a realidade, publique-se a lenda…” De qualquer modo, vou, para que a minha apresentação seja mais completa, dizer-vos que nasci em Portugal, em Lisboa, por volta de 1524. A minha família era pobre e pobre vivi sempre. No entanto, e porque, mesmo pobre, a minha família pertencia à nobreza, pude ser educado no contacto com os clássicos gregos e latinos, e conhecer toda a literatura e civilização desses dois povos. Li, nomeadamente, os livros que considero os mais importantes do Mundo: os poemas de Homero sobre a Guerra de Tróia - A Íliada - e sobre as aventuras do sábio Ulisses - A Odisseia - e o poema de Virgílio, narrando as navegações de Eneias - A Eneida. Aprendi também muitas lendas ligadas aos Gregos e Romanos, como a lenda dos Argonautas, navegadores que procuravam encontrar o velo de ouro. E fiquei a saber a mitologia dos Gregos e Romanos e, portanto, as histórias dos seus deuses e deusas. Gostei também de ler coisas relacionadas com o Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda, bem como sobre Carlos Magno e os Doze Pares de França. Pude conhecer igualmente outros livros e autores estrangeiros muito admirados e lidos no meu tempo, como Ariosto e Petrarca e gostei particularmente dos sonetos deste último. Para além da leitura, Ocupava eu o meu tempo em distrações próprias de Jovens, como namorar as cachopas bem lindas do meu tempo, em Coimbra, segundo dizem, e, mais tarde, em Lisboa. Os meus biógrafos haveriam de inventar-me muitas namoradas, nomeadamente entre as donzelas e damas da Corte e mesmo amores por princesas. Não sou eu quem vos dirá se é verdade ou mentira tudo quanto pensaram descobrir porque, aqui para nós, até fico vai¬doso de saber de tantos namoros... A verdade é que nem sempre fui muito bem comportado e vi-me envolvido em brigas. É que eu era bom espadachim e ai de quem se metesse comigo!... Estive preso por diversas ocasiões, nomeada¬mente em Constância dizem os habitantes dessa linda terra junto ao Tejo. Mas também sobre isso não há certezas e eu, mesmo que me lembrasse, não iria desapontá-los. Frequentei também Os serões da Corte e fiz muitos versos às damas; mais tarde seriam publicados com o título de Lírica. Ganhei fama, adeptos (sobretudo entre as damas) e inimigos, gente invejosa do meu êxito e do meu talento de poeta lírico. A determinada altura fui para soldado, profissão própria de nobres, e fui com¬bater os Mouros para o Norte de África, zona em que o meu Rei queria obter territórios. A vida na tropa não foi nada boa, porque mesmo quando a guerra é justa - e eu até achava as guerras contra os Mouros justas e santas, pois acreditava serem boas para o meu Rei e para poder levar-se a verdadeira reli¬gião a África e ao Oriente, - o perigo é grande de morrer jovem ou de ser ferido. E foi isso mesmo que sucedeu: fui ferido em combate e perdi para sem¬pre um dos meus olhos. Eu até era um rapaz jeitoso e com sorte junto das moças, mas algumas, por maldade, ou simplesmente porque eram tontas, tro¬çavam de mim por ser cego de um dos olhos, chamando-me "cara sem olhos” Vingava-me, fazendo versos e até fazendo humor sobre a minha infeli¬cidade... Como estes: Sem olhos vi o mal claro que dos olhos se seguiu: pois cara sem olhos viu olhos que lhe custam caro. De olhos não faço menção, pois quereis que olhos não sejam; vendo-vos, olhos sobejam, não vos vendo, olhos não são. Tempos depois, fui enviado para a Índia, dizem alguns que como castigo por mau comportamento, outros que por vingança de algum rival por mim vencido nos amo¬res ou nas brigas. Não me ralei. A verdade é que senti um enorme prazer em poder repetir a viagem que tantos portugueses já tinham feito antes e que Vasco da Gama, para mim o mais importante herói de Portugal, fizera pela primeira vez em 1498. Gostei de conhecer a costa africana, o Oceano Atlântico e também o Índico e de ir prestar serviço para Goa, capital do Império Português do Oriente. Claro que eram viagens difíceis, mas gostei muito de poder conhecer novos céus, novos climas, novos usos e costumes tão diferentes dos nossos, novas formas de arte, outras religiões e mulheres lindíssimas como a Bárbara e a Dinamene, de beleza tão diferente das mulheres europeias, duas cativas que de mim fizeram para sempre um cativo seu. Sobre a primeira escrevi eu Aquela cativa Que me tem cativo Porque nela vivo Já não quer que viva Tal como tinha acontecido em Lisboa, também por estas bandas me não falta¬ram inimigos... e, a certa altura, fui enviado para Macau, com um cargo oficial. Gostei de estar nesse território chinês ocupado por portugueses. Diz a lenda que em Macau escrevi os meus Lusíadas numa gruta adequada ao trabalho de fazer poesia... Acusaram-me de fraudes. Estava inocente, mas tive de regressar a Goa, em cuja prisão passei dias amargos... Por sinal, da minha estadia na pri¬são existe um retrato. No Oriente fui igualmente vítima de um naufrágio em que quase perdi a vida e no qual salvei a custo Os Lusíadas. Esse naufrágio no rio Mecom deixaria em mim uma enorme tristeza e um grande desalento. É que nele morreu a minha Dinamene, que recordaria sempre com saudade e mágoa. À sua recordação dediquei poemas muito sentidos. É que nunca mais me foi tão doce a vida, após a perda da minha amiga, tão jovem, tão bela, a quem eu tanto amava e que me amava tanto a mim. Sonho muitas vezes com ela, vejo-a, chamo-a pelo nome.. Dina!... e antes que diga mene acordo e vejo que nem um breve engano posso ter. Regressei algum tempo depois a Portugal e à minha Lisboa. Ao contrário de tantos que na Índia fizeram fortuna rápida, regressei mais pobre do que quando tinha saído. Tanto, que só tive dinheiro para pagar a viagem até à Ilha de Moçambique. Por lá fiquei, até que amigos que vinham da Índia me pagaram o resto da viagem. Em Lisboa aguardava-me, ansiosa, a minha querida mãe, uma das muitas que tinham visto partir os filhos com amargura e medo de os não voltar a ver, como conto no meu livro Os Lusíadas. Vinha fraco, pobre e doente. Tive, felizmente, o apoio de um escravo que veio comigo. Melhor direi, de um grande amigo, o António, mais conhecido por Jau, por ser natural da ilha de Java. Muito lhe devo pela amizade e até porque muitas vezes pedia esmola para eu poder sobreviver. Tratei de conseguir a publicação do meu livro, em que procurei ser um digno continuador do génio de Homero e Virgílio. Não era fácil publicar um livro em Portugal. Os Portugueses não ligavam muito à arte e à poesia, o que é pena. Pedi audiência ao Rei, um jovem simpático que prometia ser valente - D. Sebastião - e pedi-lhe que me permitisse ler-lhe o meu poema - que aliás lhe dedicava. Se ele aceitasse ouvir-me, haveria de ver que era muito mais importante ser rei dos Portugueses do que ser rei do Mundo. O Rei aceitou ouvir-me longamente e os seus olhos brilhavam de entusiasmo ao ouvir a história do povo lusíada, ou português, bem mais importante que as muitas histórias dos antigos, já cantadas por Homero e Virgílio. Após a leitura, agradeceu-me e prometeu pagar-me uma pensão razoável até ao fim dos meus dias. Nem sempre a pensão chegou, porque os reis são bem mais rápidos a prometer do que a cumprir algumas das suas promessas... Também é certo que o jovem rei estava envolvido na preparação de uma expedição militar a Marrocos (mal ele sabia que aí haveria de perder a vida...), e essas coisas de guerras exigem muito dinheiro... Seja como for, e isso é que importa, o meu livro foi publicado em 1572 e com tanto êxito, que logo nesse ano houve uma segunda edição. É bom que eu diga aos meus jovens leitores do século XX que, nessa altura, pouca gente sabia ler. De mim ficaram os meus versos, as composições líricas, em que trato de assuntos sentimentais, emotivos; algumas peças de teatro - EI-rei Seleuco, Anfitriões, Filodemo. Mas a minha melhor e mais conhecida obra é, de facto, Os Lusíadas. Já chega de tanto falar de mim. Afinal, se hoje sou conhecido em todo o Mundo, tal se deve aos meus poemas e não à minha vida como pessoa. E, se a vida me não correu muito bem, depois da minha morte tornaram-me o símbolo da nossa pátria e daquilo que há de melhor no povo português. Tanto que, mais tarde, transferiram o que restava do meu corpo para o Mosteiro dos Jerónimos, para um túmulo junto ao de Vasco da Gama, onde hoje sou visitado por muitos portugueses e estrangeiros, que me põem umas flores de vez em quando. Muitos desses visitantes, se calhar, nunca me leram, mas ouvem falar de mim como um dos grandes poetas da humanidade e como símbolo da nossa pátria. Por isso, a data da minha morte, 10 de Junho, é assinalada como dia feriado: o Dia de Portugal. Amélia Pinto Pais

domingo, 6 de junho de 2021

quinta-feira, 3 de junho de 2021

O CORPO DE CRISTO (Rui Santiago Cssr) "Fui celebrar Eucaristia ainda cedo. Uma Eucaristia normal, com as pessoas do costume no sítio em que era… Tinha para mim reservada uma surpresa quando chegasse o momento da comunhão… Já lá vamos. Antes de mais, tenho que partilhar que me dá uma pena imensa que à maior parte dos cristãos não lhes tenha sido dada a possibilidade de fazer a experiência da Fé em contextos verdadeiramente comunitários em que o Espírito Santo possa fazer despertar a dinâmica dos Carismas e a descodificação das palavras da bíblia em Palavra de Deus! Por isso, os próprios sinais que Jesus escolheu para representar a sua entrega e consagração definitivas à causa do Reino de Deus, foram muito deturpados. O Pão que os cristãos comem na Eucaristia é o sinal escolhido por Jesus, naquela Refeição da despedida e do testamento, para significar o seu Corpo. Mas o Corpo em linguagem bíblica não é uma realidade biológica, mas antes relacional. "O seu Corpo" é a unidade orgânica de Jesus com os seus discípulos! A “Fracção do Pão” é o símbolo pascal da Vida de Jesus Ressuscitado a circular relacionalmente no íntimo dos seus discípulos, de maneira muito especial quando se reúnem para celebrar a Gratidão [em grego, eukaristia]. É uma pena que quase se tenha perdido este sinal da Fracção do Pão, que era o próprio sinal sacramental na Igreja primitiva, e por isso foi mesmo o primeiro nome da celebração! O sinal de Jesus é o “Partir do Pão”, não o “pão” em si mesmo, como se fosse magia!!! Jesus ressuscitado não “salta” magicamente para dentro do pão, mas faz-se presente aos seus discípulos pela dinâmica relacional celebrativa que eles realizam e representam ao “Partir do Pão”, sinal da Partilha e da Pertença mútua. Os discípulos de Emaús “reconheceram Jesus ao Partir do Pão”, não “no pão”! (Lc 24, 30-35) Nós somos o Corpo de Cristo! Ele é a Cabeça e nós somos os membros. O Pão, um só Pão partido e repartido por todos, é sinal visível e celebrativo [em latim, sacramentum] desta unidade orgânica de Jesus com os seus discípulos pelo vínculo do Espírito Santo. Formamos com Jesus Ressuscitado o Cristo Total! É de tudo isto que o Apóstolo Paulo fala quando diz que “formamos um só Corpo todos nós que comemos do mesmo Pão e, por isso, somos membros uns dos outros!” (Rom 12, 15; 1Cor 10, 15-17) Desde a época medieval, o normal é o pão já vir “partidinho” em doses individuais… Deixou de chamar-se “Pão” e ganhou o nome de “hóstia” [palavra latina para dizer "vítima de um sacrifício”, tal foi a mudança de compreensão do que era a própria Eucaristia, não mais uma refeição pascal mas um acto de culto sacrificial… E até deixou de parecer pão, e tornou-se, como dizem as crianças, um “bocado de papel” ou “batatas fritas sem sal” [já ouvi eu, e não foram as piores…] Mas estou a partilhar isto tudo para te contar, finalmente, o que aconteceu esta manhã. No momento em que distribuía o pão na celebração, veio uma senhora já de idade, com uma dificuldade muito grande em caminhar. Pegou no pão, pô-lo na boca e estava a virar-se muito devagarinho para voltar ao lugar. Atrás dela uma matrona toda emproada com ares de impaciência. E eu a ver… Até que se cansou e, num lanço, deu um empurrãozito à senhora e cheia de maus modos passou. Diante de mim, põe as mãozinhas todas juntinhas e deita a língua de fora… A velhita coxa, coitada, a olhar para trás toda triste pelo empurrão e pelos maus modos da "apressada"… Pronto! Virei-me para trás, deixei a "matrona" de língua estendida, pousei o pão na mesa da Eucaristia, dirigi-me à senhora mais velha e conduzi-a pela mão em três passitos pequeninos para a frente da “apressada”. As caras eram de um espanto que nem sei descrever… Pus a “velhinha” entre mim e a “apressada”, voltada para ela, no sítio em que estava a distribuir o pão, coloquei-lhe as mãos nos ombros e, com um gesto de quem faz uma entrega disse: “O Corpo de Cristo!” A “matrona apressada” não percebeu o que eu estava a dizer… Acho que ninguém percebeu… Voltei a dizer: “O Corpo de Cristo!” Acho que percebeu… Ficou toda encavacada, olhou para mim e para a senhora que eu parecia segurar nas mãos de tão pequenina que era, e pediu-lhe desculpa. Percebeu… A senhora lá voltou a coxear para o lugar dela, e eu voltei a pegar no pão para continuar a distribuí-lo… Depois não sei o que aconteceu. Terminámos a celebração… Não nos vimos mais, nenhum dos três… Eu sei que me lembrei disto mil vezes durante o dia! E tenho a certeza que não fui o único… Deus lá sabe!" De ForumTeófilos