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Mensagem de D. José
Traquina na sua ordenação episcopal
Eminentíssimo Senhor
Patriarca,
Senhor Núncio Apostólico
Senhores Bispos,
Senhores Cónegos
Caros Padres, Diáconos e
Seminaristas
Excelentíssimas autoridades
Irmãos e Irmãs
Decidiu o Papa
Francisco nomear-me Bispo Auxiliar de Lisboa. A esta decisão, depois de rezar e
de falar com o Senhor Patriarca, escrevi com uma carta ao Santo Padre
agradecendo mas também informando acerca das minhas limitações para o
desempenho deste ministério.
Feita a nomeação a 17 de
Abril, quinta-feira Santa, muitas pessoas se alegraram, rezaram e me
felicitaram. Outras, terão rezado com esperança mas com preocupação. Agradeço
as felicitações e as promessas de oração que de muitos cristãos e amigos me
chegaram.
Agradeço as saudações e
felicitações de todos, sublinhando a afabilidade do Senhor Núncio Apostólico, a
alegre esperança e motivação do Senhor Patriarca e o acolhimento na residência,
dos Senhores Bispos Auxiliares, D. Joaquim Mendes e D. Nuno Brás, e também de
D. Manuel Linda, as felicitações e disponibilidade dos Senhores Bispos
co-ordenantes D. António Francisco dos Santos, Bispo do Porto, e D. Manuel da
Rocha Felício, Bispo da Guarda, e dos outros Senhores Bispos de Portugal
que tão fraternalmente me acolheram na reunião plenária da Conferência
Episcopal. Acresce ainda a alegria da presença de D. Ildo Fortes, Bispo de
Mindelo, Cabo Verde. Muito obrigado.
Ao Senhor Patriarca, D.
Manuel Clemente, acrescento, agradeço a sua amizade e peço a sua paciência para
me corrigir e ensinar a ser bispo.
Agora um pouco de
memória.
Na minha Paróquia de Évora
de Alcobaça, hoje tão bem representada e que me tem acompanhado com todo o
interesse e amizade ao longo da caminhada, fiz o percurso da catequese e recebi
os Sacramentos da Iniciação Cristã. Pelos meus dezanove anos de idade, o
Seminário vocacional de Almada, veio a descobrir-me em Alcobaça, terra onde
trabalhava no comércio e estudava à noite. Deus tem os seus desígnios e
envolve-nos na sua vontade de chegar a outros. Foi assim com o Padre Joaquim,
agora Cónego Joaquim da Conceição Duarte, que em tempos tão especiais dos anos
setenta, soube ir ao encontro dos jovens da zona pastoral do Oeste e vários
entraram no Seminário. E foi assim que aconteceu comigo. Cumpri depois o
Serviço militar em Santarém cultivando com gosto e alegria a oração diária. E
naquela cidade, pelos 22 anos de idade, decidi deixar outros projetos e ir
apresentar-me no Seminário de Almada, dizendo ao Padre Joaquim que estava
disponível para responder ao convite que ele me tinha feito, dois anos antes.
Tenho especial gosto em
referir o Cónego Joaquim Duarte, porque hoje é o dia do seu aniversário
natalício e quero agradecer-lhe de coração o seu longo testemunho. Muitos
Parabéns Cónego Joaquim Duarte e muito obrigado por tudo.
A partir de então acontece
uma aventura vocacional que ainda dura. Deus nunca mais me largou mesmo quando
me sentia tentado a afastar-me.
Dos 22 aos 60 anos de idade,
é um percurso com muitas histórias de vida, muitos trabalhos, preocupações mas
também muitas alegrias.
Estou muito grato aos
Seminários da nossa Diocese pelo muito que aprendi, antes como seminarista e
depois como diácono e padre. Agradeço muito aos Padres dos nossos Seminários,
aos de antes e aos de agora, pelo seu empenho, seu zelo e preocupação na
resposta à missão que o Senhor Patriarca lhes confiou e confia. Agradeço ao
Cónego Carlos Paes o apoio continuado no pós-Seminário. Agradeço também aos
professores que tive, particularmente os da Faculdade de Teologia da
Universidade Católica.
Na caminhada pastoral,
saliento experiência ainda como seminarista na reabertura do Agrupamento de
Escuteiros de Alcobaça e na Pastoral Juvenil daquela Vigararia. Depois, 1 ano
como diácono e 7 anos como padre na Equipa do Seminário de Almada e no
Pré-Seminário de Lisboa, a promoção do relacionamento das Paróquias da
Vigararia de Alcobaça-Nazaré com o Seminário com o apoio de bens da terra.
Seguiram-se os felizes 15 anos de vida pastoral como pároco de Bombarral, Vale
Covo e Roliça, com tantos trabalhos e momentos Festa, acumulando as visitas às
comunidades da Vigararia Cadaval-Bombarral e a Assistência aos Escuteiros do
Bombarral e do Núcleo do Oeste. E por fim os últimos 7 anos como pároco da
grande Paróquia de Nossa Senhora do Amparo de Benfica que muito me marcou pelo
desafio pastoral, pela animação dos padres coadjutores e colaboradores, pelo
entusiasmo dos paroquianos, pelos melhoramentos que se conseguiram, pelo apoio
social que promovemos e pelas muitas alegrias que aconteceram. Acresce ainda,
em acumulação, a experiência de 2 anos na Equipa do Seminário dos Olivais, que
me ajudou a tomar melhor consciência dos novos desafios da Pastoral Vocacional.
Em toda esta experiência
pastoral quero salientar e agradecer o testemunho de vida cristã, o ânimo e o
zelo apostólico em muitos colegas padres, na Vigararia e na Diocese, nas
comunidades de religiosas que conheci e o grande e alargado testemunho de
muitos cristãos leigos que nas Paróquias e movimentos constituíram para mim um
apelo que o Senhor Jesus me fazia para a minha dedicação.
Agradeço o apoio da minha
família, dos paroquianos de Évora de Alcobaça, e dos amigos que me acompanharam
e apoiaram com amizade cristã, como são bem representativos, o Francisco André
de Alcobaça, as Irmãs Servas de Nª Sª de Fátima, uma referência e apoio no
Oeste, em Santarém e Lisboa, as leigas consagradas que me acompanharam em Bombarral
e Benfica e vários colegas sacerdotes muito amigos com quem fomos partilhando a
missão pastoral e fazendo oração.
De boa memória e já na casa
do Pai estão aqueles que recordo com saudade e que me deixaram grandes marcas
de bem: os meus pais, as minhas catequistas, o meu professor primário e outros
professores, os patrões e colegas de trabalho e de escola, as duas senhoras que
marcaram a vida de muitos de nós, seminaristas e padres: a D. Benedita em
Almada e a D. Eduarda nos Olivais, os padres Alexandre Siopa, Orlando Leitão,
Luís Mafra e João António Ferreira (de Santarém), o vice-reitor do Seminário de
Almada depois bispo D. Albino Cleto, o Senhor Cardeal Patriarca António Ribeiro
que me ordenou diácono e presbítero, e o que partiu mais recentemente, o Senhor
Cardeal Patriarca D. José Policarpo que, ainda como Bispo Auxiliar, me acolheu
como Reitor do Seminário dos Olivais. Lembro muitos paroquianos que já partiram
e me deixaram grande testemunho. Recordando-os sinto-me em Festa com eles e
cultivo o desejo de os imitar na generosidade alegre e na fidelidade.
Irmãos e amigos
Na nova missão que agora
começa, com o que tiver de forças e capacidades, continuarei a dedicar-me a
Nosso Senhor, em obediência e cooperação com o Senhor Patriarca, servindo o seu
Povo nesta Igreja Diocesana de Lisboa, exortada a uma maior consciência de
missão apostólica, e também em Comunhão com os outros Senhores Bispos e as
outras Igrejas Diocesanas.
“Cristo
verdadeiramente ressuscitou!”. Ensinou o Papa João Paulo II: “A certeza desta
profissão de fé deve ser tal que permita tornar dia para dia a mais firme
esperança dum Bispo. (…). É a esperança que o anima a discernir (…). É também a
esperança que o sustenta na transformação dos próprios conflitos (…). Será
ainda a esperança em Jesus, Bom Pastor, a encher o seu coração de compaixão
induzindo-o a debruçar-se sobre a dor de cada homem e mulher que sofre (…).
Deste modo, (disse o Papa), o Bispo será um sinal cada vez mais luminoso de
Cristo, Pastor e Esposo da Igreja. Agindo como pai, irmão e amigo de todo o
homem (…)” (1). É isto que desejo ser em tempos desafiantes de uma Igreja em
Missão; para isso conto com a graça de Deus, Trindade Santíssima, e a
intercessão de Nossa Senhora e de São José.
Muito obrigado pelo vosso
apoio, a vossa oração e a vossa amizade fraterna.
____________
(1) in Exortação Apostólica Pastores
Gregis, nº 4.
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