Convite


" A Igreja convida-nos a aprender de Maria (...) a contemplar o projecto de amor do pai pela humanidade, para amá-la como Ele a ama."



Mensagem Bento XVI, Dia Mundial das Missões 2010
















sexta-feira, 7 de junho de 2013

Deus é Coração

Dário Pedroso, s.j.

 Celebramos dia 7 de Junho a Solenidade do Coração de Jesus. Tem sentido falar do «coração», tem sentido falar do «coração de Jesus»? Como aperceber-se das riquezas do Jesus e do seu Coração? O mundo à nossa volta precisa d’Ele? Que diz a Bíblia desse «coração»? Não será uma «devoção» ultrapassada?

O mundo à nossa volta tem sintomas de crise, tem o coração doente. O mundo onde existem guerras, crimes, roubos, assassínios, violência doméstica, exploração sexual, venda de pessoas, sobretudo de mulheres e crianças, está doente. Tem um coração em crise grave de amor, de dom, de serviço, de dedicação, de entrega, de respeito pela dignidade da pessoa humana. Crise de amor significa crise de coração, enquanto o coração é símbolo desse mesmo amor.

Não deve haver país no mundo onde o coração não apareça para simbolizar o amor, o bem, a doação, a paixão. Nós afirmamos, quando uma pessoa é boa, que tem um coração de ouro, que é rica de coração. Quando a pessoa é má, costumamos afirmar que tem um coração de pedra, que é dura de coração. E toda a gente vê nos muros, nas paredes das casas, nos bancos dos jardins, nas cascas das árvores, nas carteiras da escola, nos livros e cadernos dos estudantes, desenhado um coração para simbolizar o amor, a paixão entre dois amados. O coração anda desenhado ou pintado nas bandeiras, nos cartazes, nos balões das romarias, nos brincos, etc. Sempre com o mesmo sentido: simboliza o amor. O pior é que muitos que não amam também se apropriam desse símbolo e usam e abusam dele.

A Bíblia usa a palavra coração 834 vezes, sempre para significar o interior, o âmago, o mais profundo. Assim, encontramos expressões como estas: «o coração da terra», «o coração do mar», «o coração dos abismos», «o coração dos céus». E quando se refere ao homem, afirma que o coração é que pensa, é que é arguto ou inteligente, colocando todas as capacidades intelectuais no coração. E faz o mesmo das virtudes ou qualidades morais, ao afirmar que o coração é humilde, bom, manso, simples, dedicado, casto, etc. A Bíblia, no seu jeito de falar, afirma que todas as actividades estão no coração, pois é este que se alegra, que chora, que se angustia, que sofre, que clama, etc. O homem é coração e vale o que vale e é o seu coração.

Quando a Bíblia nos ensina que Deus é Amor, afirma que Deus é coração, que Deus não é outra coisa senão um Coração que ama, que nos ama infinita e loucamente, terna e apaixonadamente. Deus é Amor que Se revela no Coração de Cristo, no seu Coração trespassado na Cruz. No Coração de Jesus temos todo o amor divino, pois Ele é Deus verdadeiro, e todo o amor humano, pois é verdadeiro homem. No Coração de Jesus Cristo temos todo o amor da Trindade.

A devoção ao Coração de Jesus é algo cada vez mais urgente, pois o mundo precisa de contemplar esse Coração e deixar-se curar. Desse Coração, fonte de todo o amor, nascerá a civilização do amor. Olhando esse Coração trespassado por amor, aprenderemos a amar e a curar as feridas do egoísmo, do orgulho, do ódio, do rancor, de todo o pecado. Acabarão as violências, as guerras, os crimes, a depravação moral e sexual, os atentados à dignidade humana, etc. Aprenderemos a amar e a ser amor com os outros, na entrega generosa, na simplicidade do dom, na dedicação sem limites. Homens e mulheres de coração sempre aberto como o de Jesus Cristo, pois a devoção leva à imitação d’Aquele a quem rezamos.

A água e o sangue que brotaram do Coração de Cristo na Cruz simbolizam o sacramento do baptismo (água baptismal) e da Eucaristia (sangue eucarístico). O Coração de Cristo torna-Se a fonte de todos os dons e de todas as graças e a maior delas é dar-nos um coração como o d’Ele. Mas nesses sacramentos é a Igreja que nasce do Coração do esposo, do Coração do Cordeiro que foi trespassado. E na Igreja todos os dons, sobretudo a Eucaristia, vêm do Coração de Cristo, pois, como nos ensinou o Papa Paulo VI, a Eucaristia é o maior dom do Coração de Jesus.

Renovar e intensificar o amor ao Coração de Jesus é a única forma de nos convertermos e de curar o nosso coração e o coração do mundo. Daí que esta devoção é fonte de dom e de graça. E quando Jesus diz a Tomé «mete a tua mão no meu lado», quer convidar-nos a todos a meter-nos no Coração d’Ele, Coração do Bom Pastor, do Bom Samaritano, do Verbo encarnado que nos ama e que nos quer guardar dentro d’Ele para nos transformar pelo fogo divino do seu Amor. Só corações assim transformados serão fonte de renovação, de paz e de bem, de justiça e de graça, de verdade e de beleza no mundo que nos rodeia.
JORNADA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELA SANTIFICAÇÃO DOS SACERDOTES


http://www.clerus.org/clerus/dati/2013-05/17-13/Lettera_Seminaristi_Sacro_Cuore_PT.html

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