Os dias passaram muito depressa! (Como sempre durante o ano…ou mais ainda!)
Tinha acabado o primeiro número jornal da Escola Nha Mita Prêra, que se chama Caminhando Juntos, e estava à espera que a tipografia o entregasse mas atrasaram-se e não chegou a tempo de eu o ir entregar a Espinho Branco. Imaginava as caritas curiosas e felizes dos miúdos ao verem o seu jornal mas… fiquei sem a possibilidade de testemunhar este momento importante que será o culminar do nosso trabalho deste ano.
Acabei e entreguei o meu relatório de avaliação deste ano de voluntariado missionário. Foi bom para mim fazê-lo, ocupou-me algum tempo mas ajudou-me a sistematizar o MUITO que me foi dado viver aqui e a dar graças a Deus por tudo!
Partilho convosco o que escrevi no ponto 6 - Aspectos a melhorar no acolhimento a futuros voluntários (propostas concretas…)
Pensei e rezei e não consigo encontrar nenhum aspecto a melhorar (a não ser o facto de ser necessário vir com licença sem vencimento e isso ter um preço muito elevado ao nível económico e penalizador na progressão na carreira… mas isso não entra aqui nestas propostas…)
Dificilmente, em qualquer canto da missão ad gentes, algum voluntário foi tratado melhor do que eu!
Destaco alguns aspectos que considerei muito positivos e devem ser mantidos:
- Fui recebida como membro da “família” e não como estranha ou “hóspede de passagem”;
- Mergulhei na vida da Paróquia e da Comunidade como se lhes pertencesse desde sempre;
- Fui respeitada e apoiada como mulher, como leiga, como cristã;
- Tive condições favoráveis que facilitaram a minha integração: bom alojamento, boa alimentação, bom ambiente;
- Foi-me proporcionado, de um modo muito aberto e fraterno, um conhecimento e um envolvimento em toda a dinâmica da vida desta Paróquia e Comunidade;
- Foi-me dado “espaço” para pensar, decidir, e agir, com total autonomia, dentro dos objectivos de pastoral da Paróquia e do Projecto de Vida Comunitária;
Mais e melhor do que o acolhimento que me foi proporcionado pela Comunidade Espiritana da Calheta será difícil encontrar! Estou certa que este se deveu, em primeiro lugar, à enorme abertura e generosidade missionária, do superior da comunidade, (e, por alargamento, da comunidade) e, também, à minha forma de estar na vida e de a viver. Estas, são circunstâncias irrepetíveis! Outros voluntários poderão ter todos os aspectos positivos que destaquei anteriormente, e terão certamente, mas a sua experiência aqui será diferente da minha. Basta que o voluntário seja diferente, o superior seja outro ou algum dos membros da comunidade, e tudo será diferente!
Quanto a mim, estou eternamente grata, pela experiência única e magnífica, que tive a oportunidade de viver este ano.
Eu queria vir embora discretamente, como discretamente tinha chegado… Não queria festas nem grandes despedidas, quando pensava nisso as lágrimas caiam sem parar… Lembrava-me só da passagem do Evangelho que diz: “…depois de feitas todas as coisas (…) Somos servos inúteis; só fizemos o que devíamos fazer” (Lc. 17,10)
Mas era forçoso estar com algumas pessoas com quem tinha privado mais de perto, com quem tinha criado mais afinidade… alguns alunos vieram despedir-se de mim, trazer alguma recordação, eu também quis estar com alguns e dar-lhes mais uma palavra de incentivo e algum presente.
Uma das alunas que gostei bastante de conhecer.
A bebé da minha aluna do 8º ano que nasceu em Maio.
Dois dos vários presentes que me ofereceram.
Foi preciso encontrar um pouco de tempo para estar com a Eliane, terceira filha de um casal amigo, que nasceu exactamente no dia em que eu vim para Cabo Verde (10-10-2010) e já anda sozinha.
Pedir à minha aluna Socorro, que aos 18 anos já é mãe de uma menina de dois anos e de um bebé de oito meses, que me fizesse algumas peças de artesanato das que ela faz para tentar ganhar o seu sustento e o da família, para poder depois oferecer aos meus amigos e, ao mesmo tempo, ajudá-la um pouco. Aqui ficam alguns dos seus trabalhos.
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