Na 5ªf, dia 20, foi feriado Nacional, comemorou-se a morte de Amílcar Cabral (e uma semana antes tinha sido igualmente feriado, tinha-se comemorado o dia da Democracia e da Liberdade em Cabo Verde). Nesta quinta feira, para além da abertura oficial da Campanha Eleitoral que provocou a produção de barulho quase ininterrupto e completamente ensurdecedor, durante todo o dia e parte da noite, aconteceu uma coisa importante… começámos a preparar a primeira sala do Salão Paroquial para iniciar funções dentro em breve.
Este salão foi sonhado para desempenhar várias funções mas, há alguns dias, e depois de três meses por cá, pareceu-me que me podia oferecer para animar este espaço que pretende partir da leitura para vários tipos de formação… e de público.
Deixem-me contar-vos uma coisa que tem a ver com a leitura… e com a vida…
Quando era adolescente, li pela primeira vez, um livro que se intitula Pollyana, a pequena órfã, não me lembro do nome do autor, mas sei que esta personagem é filha de um Pastor anglicano, a mãe morreu e a criança vivia com o pai. Vivem pobremente, passam por diversas dificuldades e são ajudados pelas “senhoras da caridade” que existem na paróquia. Numa altura em que Pollyana desejava muito uma boneca, as “senhoras da caridade” trazem umas muletas e, perante a desilusão da menina, o pai ensina-a a jogar o JOGO DO CONTENTAMENTO. E esse jogo consiste em tentar encontrar o lado positivo de cada situação, por mais difícil que possa ser. No caso das muletas, o pai convida-a a perceber que embora não seja a boneca desejada, ela pode agradecer por estar de boa saúde e não precisar de as usar. Pouco tempo depois, o pai adoece e morre, e a menina é entregue à tia materna, que vive só e amargurada e não está habituada a crianças. Pollyana não vai ter uma vida fácil mas vê no jogo “a herança e o testamento” que o pai lhe deixou e vai ensinando todas as pessoas que com ela contactam a jogar o “Jogo do contentamento”. Aos poucos, as pessoas vão vendo a realidade quotidiana com um olhar mais positivo e, com o testemunho desta criança, o seu mundo transforma-se num lugar mais agradável.
Porque é que vos conto isto? Porque gosto muito desta história; porque acredito que podemos sempre mudar o nosso mundo, com o nosso pequeno contributo e porque agora, tal como a Pollyana, dei comigo a abrir os caixotes que “as senhoras da caridade”, ou melhor, os jovens escuteiros de Leiria, trouxeram num contentor, para oferecer a esta Paróquia.
Sim, eu que várias vezes em Portugal já organizei campanhas para enviar bens e materiais para países de África, agora estou do lado de cá, a abrir os caixotes que outros enviaram. E porque estou do lado de cá, vou dar-vos a possibilidade de fazerem comigo esta experiência nova… para mim e … para vós…
É muito curiosa a experiência de termos caixotes enormes, bem coladinhos e cheios de surpresa e mistério à nossa frente… Algumas questões impõem-se: Quem os enviou? O que será que eles trazem? O que vamos poder fazer com este material? A quem vamos conseguir chegar?
Aos poucos, o mistério vai-se revelando… encontramos caixotes muito arrumadinhos, certamente, organizados com muito amor, como estes que vos mostro…
e outros menos organizados e até, por vezes, com materiais em mau estado…
Encontrei vários livros da Anita com o nome de uma menina que simpaticamente os resolveu oferecer, provavelmente porque já cresceu e já não os lê, mas fiquei triste com a Ana Lúcia (o nome está completo e eu podia dizê-lo todo mas não o vou fazer…,
vejam em que estado envia algum do material…, alguém adulto devia ter tido o bom senso de lhe dizer que as pessoas merecem respeito e os materiais em tão mau estado não devem ser enviados…)
Já tinha percebido que havia nos caixotes muitos livros de leitura recreativa para crianças, adolescentes e jovens, quando sugeri ao nosso missionário que também é pároco desta paróquia, o Pe. Nuno, que começássemos a organizar uma sala, do salão novo, para uma actividade que partirá da leitura para a formação e será destinada a diferentes públicos: crianças, adolescentes e jovens mamãs… (para começar…) A proposta foi aceite… e na passada 5ª feira, feriado, deitámos mãos à obra…
Uns montaram estantes e um armário, outros abriram caixotes e limparam livros que, em seguida, começaram a ser separados em diferentes secções … e a sala começou a ficar com um ar mais vivo e dinâmico… mas é preciso mais tempo para organizar tudo… à medida que tiver mais notícias, prometo que vou dando…
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