Atempadamente não me foi possível partilhar convosco os acontecimentos que vivemos por aqui mas faço-o agora, porque sei que alguns gostam de os ler e de alargar o horizonte do seu coração até esta paróquia/missão da Calheta de S. Miguel.
DOMINGO DIA 9 de JANEIRO foi dia de peregrinação paroquial ao Monte Galião, que tem a Cruz Jubilar do ano 2000.
A concentração estava marcada para as 9h, junto à Igreja paroquial, e nas actividades da Paróquia os relógios estão certos. O povo reuniu-se e começou a sua peregrinação, com muita ordem, cantando e rezando o Rosário.
O Monte Galião vê-se bem daqui do terraço de casa. Fica a cerca de 3 km???! Fomos caminhando, primeiro junto a algumas casas e depois pelo campo, subindo por um carreiro estreito e em fila indiana. O calor fazia-se sentir mas lá fomos subindo durante cerca de 50 m e deixando para trás a povoação.
Ao caminhar lembrei-me das imensas passagens bíblicas que referem a subida de Jesus e dos apóstolos ao cimo do monte, onde Ele os desafiava a abrirem o coração para acolherem a Sua Palavra. Foi exactamente assim connosco! Sentados no chão, à volta do altar e da Cruz Jubilar, sentindo o sangue circular nas veias e de olhos postos na paisagem magnífica que víamos dali, fomos convidados a alargar o coração à dimensão do amor infinito de Deus por cada um de nós. Então, o missionário, Pastor desta comunidade, convidou o povo de Deus a reflectir sobre a sua condição de peregrino. Não posso reproduzir exactamente as suas palavras mas posso partilhar aquilo que guardei no coração e como a homilia foi feita em crioulo, algumas coisas vou dizê-las com o vocabulário mais próximo do que escutei: A nossa subida ao cimo do monte é expressão da nossa caminhada para o Céu e para a vida eterna. Jesus muitas vezes subiu ao monte para estar na intimidade com o Pai. Às vezes, temos que subir ao monte para pensar na nossa vida, para rezar no silêncio, para contemplar o mundo lá de baixo e para olhar o Céu.
Aludindo ao período que se vive disse que é no silêncio que Deus fala e que, às vezes, parece que temos medo do silêncio. (…) Que não é no reboliço e na confusão que a voz de Deus se faz ouvir. Que, no cimo do monte, somos convidados a descobrir o valor do silêncio e da paz, para aí falarmos com Deus como Pai, para nos encontrarmos com Ele.
O nosso mundo está desgovernado e o primeiro governo de que precisamos é o da nossa cabeça. Se cada homem (e mulher) orientasse a sua cabeça não deixava que outros orientassem as suas vidas. Orientar a cabeça e governar a vida é o desafio maior para os filhos de Deus. Se eu não o fizer, ninguém o faz por mim! Quando “vendemos” a nossa vida, a nossa cabeça, a nossa consciência, não temos futuro. (…) O mundo está desgovernado porque não assumimos as nossas responsabilidades. (…) E fomos convidados a fazer o nosso compromisso de renovar a nossa vida e a vida do mundo, diante da Cruz de Cristo (expoente máximo do seu amor por nós), para podermos ser mais fiéis e renovar o Concelho e a Paróquia de S. Miguel. Fomos convidados a aproveitar o dia de hoje para fazermos efectivamente esse esforço de conversão… se o desejamos, façamo-lo hoje, agora, não adiemos… deixemos que o Senhor mude o nosso coração e a nossa vida, neste início de ano… É preciso renovar o nosso coração e a nossa vida, sermos mais fiéis, para renovarmos o nosso Concelho, a nossa terra, e aí vivermos o amor…
A Eucaristia continuou, o calor fazia-se sentir… (estávamos no cimo de um monte sem uma única sombra) … mas eu acreditei que o que se sentia era acima de tudo o calor de corações que se confrontam com a verdade para que foram criados, o calor de criaturas que escutam o apelo do Criador, o calor dos filhos que escutam a voz do Pai e sentem o desejo de conversão…
Duas horas depois, fortalecidos pela Palavra e pelo Pão da Vida, descemos à povoação com o coração renovado, desejo de conversão e vontade de almoçar…
Pelo caminho, dei graças a Deus por ter nascido e crescido num ambiente que me permitiu formar a minha própria consciência, de acordo com os critérios do Evangelho, e agir de acordo com ela… Que pena tenho daqueles a quem, por razões várias, este direito é quase negado!
Vejam agora o nosso magnífico percurso:
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