LEIGA … no SEIO de uma Comunidade Religiosa
Quando algumas pessoas querem dizer que não percebem nada de um assunto dizem que são leigas nessa matéria. Não vou discutir se está correcto ou menos correcto vou só lembrar que eu, e muitos de vós, somos leigos… é essa a nossa condição… leigos sempre, quando falamos de qualquer matéria.
Diz-nos a Lumen Gentium nº 31: “Por leigos entendem-se aqui todos os cristãos que não são membros da sagrada Ordem ou do estado religioso reconhecido pela Igreja, isto é, os fiéis que, incorporados em Cristo pelo Baptismo, constituídos em Povo de Deus e tornados participantes, a seu modo, da função sacerdotal, profética e real de Cristo, exercem, pela parte que lhes toca, a missão de todo o Povo cristão na Igreja e no mundo”
(…) Por vocação própria, compete aos leigos procurar o Reino de Deus tratando das realidades temporais e ordenando-as segundo Deus. Vivem no mundo, isto é, em toda e qualquer ocupação e actividade terrena, e nas condições ordinárias da vida familiar e social, com as quais é como que tecida a sua existência. São chamados por Deus para que, aí, exercendo o seu próprio ofício, guiados pelo espírito evangélico, concorram para a santificação do mundo a partir de dentro, como o fermento, e deste modo manifestem Cristo aos outros, antes de mais pelo testemunho da própria vida, pela irradiação da sua fé, esperança e caridade. Portanto, a eles compete especialmente, iluminar e ordenar de tal modo as realidades temporais, a que estão estreitamente ligados, que elas sejam sempre feitas segundo Cristo e progridam e glorifiquem o Criador e Redentor.”
É pois, como leiga (voluntária missionária – é o nome que “oficialmente” se acrescenta…) que eu fui ACOLHIDA NO SEIO de uma comunidade religiosa.
Desde o primeiro momento que vos disse que tem sido uma experiência MUITO INTERESSANTE e ENRIQUECEDORA.
Que bom seria que SEMPRE, em todos os meios e circunstâncias, pudéssemos ser nós próprios, diferentes uns dos outros, mas acolhidos e respeitados na diferença e na complementaridade… pois bem, é dessa forma que eu me sinto aqui… DIFERENTE (leiga e mulher), RESPEITADA, ACOLHIDA, COMPLEMENTAR!
E porque sempre gostei de grandes desafios … (… acredito que tudo o que vivemos, de modo especial o que é mais desafiante, pode ser caminho de crescimento) estou CERTA que esta experiência me vai fazer crescer em várias dimensões… e acredito que este crescimento pode ser recíproco… por isso AGRADEÇO a esta Comunidade que sabe abrir-se à novidade e à diferença (sou o quarto voluntário que aqui é recebido) e até me parece que outras comunidades poderiam ser enriquecidas com experiências inovadoras como esta, se tivessem pessoas à altura de aceitarem estes desafios…
Visita Canónica do Conselho Geral da Congregação dos Missionários do Espírito Santo
Pareceu-me importante dizer o que disse antes para perceberem que a Visita Canónica do Conselho Geral à Comunidade Espiritana da Calheta de S. Miguel de 10 a 13/Janeiro/2011 foi um acontecimento novo para mim, pois não estou habituada a estas realidades.
Durante o mandato de oito anos do Conselho Geral compete-lhe visitar todas as Comunidades da Congregação, que tem 2842 membros e está espalhada pelos cinco continentes e por 60 países.
O objectivo principal é: confirmar, na fé, as comunidades espalhadas pelo mundo.
Neste momento está a decorrer a visita a Cabo Verde e esta Comunidade foi a primeira a ser visitada.
Foi feito um programa e marcado um tempo para que cada pessoa dialogasse com o Conselheiro Geral. Durante uma hora e tal conversámos sobre a formação do Voluntariado e sobre a minha vida aqui por estas terras. Gostei! É sempre bom dialogarmos sobre as coisas que nos desafiam… e também sobre as dificuldades e as alegrias que vamos vivendo. Isso proporcionou também “avaliar” estes três meses da minha presença por aqui… e, resumidamente, foi dito: “está a ser uma experiência rica e exigente”.
O “visitador acrescentou ainda: “consideramos as visitas às circunscrições como o aspecto mais enriquecedor do nosso serviço. Vivemos estas visitas segundo o espírito da “visitação” de Maria à sua prima Isabel. Maria desejava certamente prestar ajuda à sua prima grávida. Mas ela desejava sobretudo “verificar” a verdade do sinal que lhe foi dado pelo anjo Gabriel. Vemos assim como o encontro de Maria e Isabel permitiu uma confirmação mútua da própria vocação. Ao visitar-vos com este mesmo espírito queremos, nós também, confirmar-vos na vossa vocação espiritana e na tradição viva do Instituto (RVE 193). Ao acolher-nos e ao mostrar-nos as maravilhas que o Senhor faz pela vossa circunscrição, vós também nos ajudais a melhor realizar o nosso serviço...”
OBRIGADA, Sr. Pe. Eduardo, pelo tempo que gastou com esta leiga. Continuação de BOA VISITA por terras de Cabo Verde!
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