Há duas semanas que a principal actividade dos nossos missionários é ir aos diversos lugares da Paróquia e atender, em confissão, as pessoas que assim o desejam e são muitas…
Três padres, de manhã e de tarde, a confessar….
Sexta-feira à tarde fui também para S. Miguel, onde havia confissões, “arejar” as ideias e aproveitar o tempo, à sombra de uma bela árvore. Tinha pedido uma partilha e recebido as CONFISSÕES DE UM MISSIONÁRIO:
1º - De que forma um Sacerdote sente que pode ajudar as pessoas que se abeiram dele para a confissão?
Sem dúvida que hoje o sacramento da confissão é um dos sacramentos onde poderemos, num diálogo aberto, franco e sigiloso, ajudar as pessoas a caminhar. Hoje chegam-nos à confissão pessoas completamente baralhadas, confusas e perdidas neste mundo dito moderno. E é nesta fragilidade humana que poderemos fortalecer o corpo e o espírito do ser humano. Acredito firmemente que, para um sacerdote que se disponha a ouvir, a escutar e a perceber o drama do outro, facilmente percebe que tem diante dele um ser humano a precisar de apoio para a caminhada.
E hoje, mais que nunca, todos nós sentimos esta necessidade de apoio para a caminhada.
Pela confissão percebemos muito bem como vai o nosso mundo e quanto ele carece da força de Deus.
2º - Como é que se pode dizer aos que não se confessam que a confissão é importante?
Com uma simples lembrança: lembra-te ó homem/mulher de que não és uma ilha muito menos um super-homem/mulher. E isto porquê? O sacramento da confissão não é só para vir despejar o saco dos pecados, mas vir encher a alma de tudo aquilo que nos escapa neste mundo de correria. Saber, parar, saber analisar-me, saber ouvir e sobretudo saber carregar o corpo e o espírito de Deus, é fundamental. O sacramento da confissão é a terapia de Deus para a caminhada de homens de fé.
Podermos, por vezes, duvidar, do homem/sacerdote pecador que está diante de nós como mediador de Deus, mas nunca duvidar que Deus se faz presente em mim e na Sua misericórdia através dos outros. E um desses outros, é o sacerdote.
3º - O que mais lhe custa nos longos tempos de confissão?
Duas coisas: ver tanta gente à minha frente, e por isso, não poder dedicar o tempo necessário a cada um; e o cansaço de passar horas e horas sentado a escutar. Um forte treino à paciência do escutar e dedicar ao primeiro como ao último, a mesma atenção.
Por outro lado é um tempo de um certo sofrimento por amor. Pois quem ama, sofre. Ou seja, quando ouvimos tantos dramas, o meu coração de sacerdote não consegue ficar indiferente. Perante isto, tomo as palavras do Evangelho: alegrar-se com os que se alegram, chorar com os que choram.
4º - Quantas pessoas, mais ou menos se confessam aqui?
Numa paróquia que tem cerca de 18 mil habitantes confessam-se cerca de 4 mil pessoas. É muito é pouco???? Isto não é de estatísticas. São apenas e só aqueles que reconhecem com humildade de que somos pecadores e de que é preciso emendar as nossas faltas.
Não para imitar, mas porque me pareceu interessante, resolvi escrever as:
Confissões de uma professora, em final de trimestre…
Chegámos ao final do primeiro trimestre!
Não foi tão difícil como em alguns anos anteriores porque só dei nove semanas de aulas, porque só tenho quatro turmas, porque tenho um horário excelente, porque moro a cem metros da Escola, porque não tive as muitas reuniões que teria tido aí, porque tive ajuda para vencer as dificuldades…
Mas, nem tudo foi fácil… ou, se calhar, nada foi fácil!
Os alunos da “minha” Escola já estiveram afastados do sistema de ensino regular por alguma razão que pode ser: mau aproveitamento, mau comportamento, período prolongado de doença, gravidez ou abandono dos estudos. Depois dessa paragem, mais ou menos longa, voltaram à Escola… a esta Escola privada, que pertence à Paróquia, e os recebe. Voltaram à Escola, mas trazem marcas desses tempos que passaram fora da Escola…
Dou aulas de Português a uma turma do sétimo ano, a turma começou com poucos alunos, foram chegando aos poucos, chegaram ao número dezanove, já diminuíram e agora são dezasseis. As idades variam entre os quinze e os quarenta e três anos, vêm de lugares diferentes, alguns vêm de longe e têm obviamente histórias diferentes…
Tenho uma turma de oitavo ano a quem dou Português e Francês, o número de alunos tem aumentado e agora são vinte sete, entre os dezasseis e os vinte seis anos.
Tenho ainda uma turma de Francês, do 10º ano, com trinta e oito alunos, cujas idades oscilam entre os dezoito e os trinta anos, mais ou menos.
Creio que posso dizer que a principal dificuldade com que me deparo é o facto de os alunos falarem crioulo entre si e sempre, até nas aulas de Português, porque não estão habituados a falar, a ler, a escrever e a pensar, usando a língua Portuguesa… só com uma grande insistência é que se consegue que comuniquem em Português. Poucos dias depois de cá estar, assinei um comunicado, na Escola, que lembrava aos professores que a língua oficial e de ensino é o Português e que, como tal, as aulas devem ser ministradas nessa Língua…
Outra dificuldade importante é a falta de assiduidade e de pontualidade de alguns alunos, nomeadamente ao primeiro tempo. Alguns chegam muito atrasados porque moram realmente longe e vêm por maus caminhos, outros moram perto e…
Algumas das minhas alunas, com dezassete anos, já são mães, e há dias, fiquei a saber que uma, das mais pequenitas e com ar de criança, com dezasseis anos, está grávida de três meses…
No meio disto tudo, nem sempre a comunicação é fácil…ouço crioulo, respondo em Português, e faço um esforço ENORME para me fazer compreender e lhes ensinar alguma coisa da e na Língua de Camões…
Face a esta situação é fácil perceber que, como professora de Língua Portuguesa, não consegui fazer grandes milagres e rapidamente recebi o “cognome” de “muito exigente”… o que nem sempre aparece como uma qualidade! Mas, fui tentando e … alguma coisa terá mudado certamente por aqui, pelo facto de eu ter aparecido por cá … (???)
Só para ficarem informados… fui a professora que deu mais aulas nesta escola, durante o mês de Novembro, a que nunca faltou, (ainda continuo assídua e pontual) e a que “ganhei mais ordenado”… ganhei… mas não o recebi… vim como voluntária e não recebo vencimento! A minha vinda é um contributo para esta escola que tem passado dificuldades económicas e assim recebe “um pouco de oxigénio” para equilibrar as coisas.
Ontem, dia dezoito, tivemos uma Visita de Estudo à Aldeia SOS de Ribeirão – Chiqueiro, em S. Domingos.
Foi um dia muito interessante que pôs à prova toda a minha organização e estrutura europeia(s)! Com as duas turmas (7º e 8º anos) preparei algumas actividades de Natal, para serem apresentadas lá. Entre os alunos que se “voluntariaram” (?) para preparar as actividades e as ensaiaram, os que na véspera estavam inscritos para a Visita de Estudo e os que foram realmente, houve algumas oscilações mas… felizmente, não inviabilizaram as actividades que lá decorreram benzinho, mais ou menos em “crioulês”…mas deixaram felizes aqueles que lá estavam…
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